Ciência e Saúde

Estudo mostra como abelhas isoladas se transformaram em insetos sociáveis

Realizada com a participação de brasileiros, a pesquisa revelea que a mudança levou milhões de anos para ser concluída

Vilhena Soares
postado em 15/05/2015 06:18

As abelhas costumam ser associadas à execução de tarefas em grupo e de forma extremamente organizada, com cada membro da colmeia ciente de seu papel na coletividade. Porém, as pequenas produtoras de mel não foram sempre assim. Milhões de anos atrás, esses insetos viviam isolados, vagando solitariamente, como, aliás, ainda acontece com algumas espécies. Foi ao longo do tempo que os bichinhos adquiriram a habilidade de se organizarem socialmente, em um longo processo de evolução, mostra um estudo publicado na edição de hoje da Science e que contou com a participação de especialistas de diferentes países, inclusive do Brasil.

A pesquisa é baseada em informações genéticas colhidas de várias espécies existentes hoje e que, segundo os autores, explicam por que algumas abelhas fizeram a transição para uma organização social. No trabalho, os cientistas conseguiram identificar alterações genômicas que resultam em distintos níveis de comportamento ; do solitário ao altamente social ; e ajudam a contar o caminho evolutivo percorrido por alguns grupos.

;Num passado bem distante, todas as abelhas eram solitárias. O macho e a fêmea se acasalavam, tinham sua prole e depois se separavam. Ao longo da história evolutiva, surgiram grupos sociais, formado por colônias em que os indivíduos não estão juntos apenas momentaneamente, para a reprodução; eles passaram a conviver o tempo todo;, descreve Francis Morais Franco Nunes, professor do Departamento de Genética e Evolução da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e um dos seis brasileiros que participaram da pesquisa, coordenada por Klaus Hartfelder, da Universidade de São Paulo (USP).

Para descobrir se mudanças genéticas estariam ligadas a essas mudanças de ;estilo de vida;, os cientistas analisaram o genoma de 10 espécies. Foram selecionados animais que vivem isolados, outros altamente sociais e um terceiro grupo com sociabilidade intermediária. Estudaram-se cerca de 6 mil genes dos insetos, o que deixou claras tanto semelhanças quanto diferenças no funcionamento genético. ;Os sistemas de regulação dos genes tornaram-se muito mais complexos à medida que os níveis de sociabilidade aumentaram durante a evolução das abelhas;, explica Nunes. ;Importantes regiões, chamadas de promotores, controlam a funcionalidade dos genes. Nos promotores, existe uma série de interruptores (sinais moleculares no DNA), que podem ou não estar ativos. Vimos que, nas abelhas mais sociais, temos um maior número desses interruptores;, completa.

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