Remova uma das patas de um besouro, e o inseto vai aprender a andar com as partes que lhe sobraram. Faça o mesmo com um robô de seis pernas. A máquina, provavelmente, vai tropeçar e cair toda vez que tentar se movimentar. Isso acontece porque os sistemas de inteligência artificial ainda têm grande dificuldade em se adaptar a situações não programadas, seja a falta de uma peça, seja um terreno irregular. Agora, pesquisadores conseguiram eliminar essa grande fraqueza robótica ao criar um algoritmo que serve como uma espécie de instinto de sobrevivência artificial, permitindo às máquinas que se recuperem depois de um grave dano.
O sistema, descrito na edição de hoje da revista Nature, é baseado em uma versão avançada do velho método de tentativa e erro. Quando o robô sofre um acidente ou ele nota que uma das suas partes não funciona como deveria, o programa cria várias simulações e determina quais estratégias podem tirá-lo daquele aperto. Com a ajuda de um sistema de sensores, a máquina é capaz de colocar cada uma das melhores manobras em prática e avaliar qual funciona melhor para aquela situação. O processo todo leva menos de dois minutos.
A técnica foi testada em um robô de seis pernas, que teve alguns dos membros removidos, quebrados ou modificados pelos pesquisadores. O grupo avaliou a máquina em seis situações diferentes, incluindo uma em que duas das pernas foram removidas. O programa também foi colocado à prova em simulações de computador, que ;ensinaram; à máquina em todas as situações de dano possíveis. Os cenários virtuais incluíram uma ocorrência hipotética em que todas as patas mecânicas sofreriam um encurtamento ; o que faria o robô tropeçar e cair de cabeça para baixo. No entanto, o programa provou a sua resiliência, encontrando a solução de fazer o modelo apoiar-se somente nas juntas das pernas.
;Isso é similar ao que um humano com um joelho dolorido faria. Ele rapidamente encontraria uma forma de mancar para que o joelho doesse menos. Mas isso não significa que ele se curou. Em vez disso, ele se adaptou ao dano que existe, e continuou andando;, compara Jean-Baptiste Mouret, pesquisador do Instituto Nacional Francês para Pesquisa em Ciência da Computação e Automação (Inria) e um dos autores do trabalho.
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