Se hoje cozinhar parece uma tarefa muito simples, para os ancestrais do homem, a noção de que o calor poderia transformar os alimentos em algo mais saboroso e fácil de digerir foi uma grande sacada. Um tipo de insight que, como se costuma crer, está limitado aos humanos. Mas novas evidências sugerem que, quando se trata de preparar iguarias, não estamos sós.
Um estudo de pesquisadores das universidades de Harvard e de Yale, ambas nos Estados Unidos, sugere que a capacidade cognitiva humana de cozinhar é compartilhada por chimpanzés. Isso inclui a preferência por comida cozida, a habilidade de entender a transformação do alimento cru em cozido e até a capacidade de guardar e transportar ingredientes apenas com o propósito de prepará-los. A descoberta sugere que essas aptidões emergiram muito cedo na evolução humana e, que, além do controle do fogo, os chimpanzés podem ter toda a destreza necessária para cozinhar. O estudo foi publicado na edição de ontem da revista Proceedings of the Royal Society B.
;Saber quando o cozimento surgiu na evolução humana é uma questão importante;, diz Felix Warneken, professor de ciências sociais da Universidade de Harvard e coautor do estudo. ;Nós pensamos que uma forma de tentar solucioná-la era investigar se chimpanzés, em princípio, têm capacidades cognitivas críticas para o cozimento. Se nossos parentes mais próximos na evolução possuem essas habilidades, isso sugere que, uma vez que os primeiros humanos foram capazes de usar e controlar o fogo, eles também poderiam usá-lo para cozinhar;, diz.
Um número de estudos prévios, particularmente aqueles conduzidos por Richard Wrangham, professor de antropologia biológica do Museu de Arqueologia e Etnologia Peabody, lançou a hipótese de que cozinhar desempenhou um papel-chave na evolução humana, ao tornar a digestão dos alimentos mais fácil e permitir, assim, que se extraísse mais energia da dieta. Ao tentar entender as origens evolucionárias do ato de cozinhar, porém, essas pesquisas se focaram muito em um aspecto crítico do cozimento ; o controle do fogo.
Agora, Felix Warneken e Alexandra Rosati, do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale, decidiram abordar a questão usando uma direção alternativa. ;As pessoas se focam no controle do fogo porque isso parece tão saliente, mas, mesmo se você tivesse um graveto aceso, muitas outras ideias seriam necessárias antes de usá-lo para cozinhar;, argumenta Rosati.
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