Ciência e Saúde

Cientistas dizem que células de defesa transportam remédios antitumorais

Pesquisa americana indica que grupo de células guardam remédios quimioterápicos essenciais para o tratamento de linfoma, considerado um dos mais sorrateiros

Isabela de Oliveira
postado em 11/06/2015 06:14

Em guerra com os troianos, os gregos talharam um enorme cavalo que foi tomado pelos adversários como um troféu. Nada por acaso. Na realidade, um grupo de soldados estava escondido dentro do monumento de madeira e, na calada da noite, dominou a fortificada Troia. Embora exista uma grande chance de essa história, ou pelo menos parte dela, não ter passado de lenda, a lição ficou e é hoje motivo de inspiração para cientistas que desejam combater um dos maiores inimigos contemporâneos: o câncer. Pesquisa desenvolvida no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) indica que um grupo de células do próprio corpo pode guardar e transportar remédios quimioterápicos essenciais para o tratamento de diversos tumores ; entre eles o linfoma, considerado um dos mais sorrateiros.

Os resultados, publicados na edição de hoje da revista Science Translational Medicine, representam uma esperança a mais para o combate ao linfoma, um câncer que costuma ser mais sensível aos medicamentos, mas tem fama de traiçoeiro, com taxas variáveis de sobrevivência. Começa nas células de defesa que normalmente circulam entre múltiplos órgãos linfoides ; integrantes do sistema imunitário ; e tem rota imprevisível. Os sintomas podem ser confusos e, quando diagnosticada a doença, geralmente não pode mais ser freada com cirurgia.

Nesse cenário, a quimioterapia é uma alternativa que oferece boas respostas, mas nem sempre eficientes, pois os tumores se escondem em linfonodos ; tecidos humanos considerados santuários das células doentes, pois o alcance dos medicamentos nessas regiões é bastante baixo. Liderados pela pesquisadora Bonnie Huang, os cientistas dizem ter conseguido resolver essa questão utilizando células T (linfócitos) carregadas com nanopartículas de medicamentos. Nesse formato, assim como fez o cavalo de Troia, entram no reduto do inimigo para atacá-lo.

Uma vez que a função normal dos linfócitos é migrar pelos tecidos linfoides em busca de moléculas estranhas, Huang conta que ela e a equipe imaginaram que essas células ; que possuem receptores específicos que as dirigem aos tecidos linfoides, mas não às moléculas estranhas, no caso, as doentes ; poderiam servir como soldados em busca dos tumores. ;Ao se alojar nesses ;santuários; e se deslocar entre tecidos, cada célula equipada com as nanopartículas funcionaria como um microdepósito de medicamentos ao redor das células tumorosas;, explica a autora.

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