Ciência e Saúde

Regime alimentar mediterrâneo está desaparecendo, alerta estudo da FAO

A globalização, o comércio de produtos alimentares e as mudanças no estilo de vida, incluindo a mudança do papel da mulher na sociedade, estão mudando os hábitos de consumo no Mediterrâneo

Agência France-Presse
postado em 11/06/2015 11:39
A globalização, o comércio de produtos alimentares e as mudanças no estilo de vida, incluindo a mudança do papel da mulher na sociedade, estão mudando os hábitos de consumo no Mediterrâneo
Roma, Itália -
O regime alimentar mediterrâneo, também chamado de "dieta mediterrânea", alardeado por seus benefícios à saúde, está desaparecendo, levando ao aumento da obesidade e doenças crônicas na região, alertou a FAO nesta quinta-feira (11/6). "A região do Mediterrâneo está passando por uma ;transição nutricional;, que se distancia de sua dieta original, considerada por muito tempo como modelo de uma vida saudável", afirma um relatório apresentado nesta quinta-feira na Expo Mundial em Milão (norte).

O estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Centro Internacional de Estudos Avançados Agronômicos Mediterrâneos (CIHEAM), a modificação de hábitos alimentares em todo o Mediterrâneo traz muitos efeitos negativos: obesidade, mas também invalidez e morte prematura. A dieta mediterrânea, ou cretense, cujos estudos científicos demonstraram que previne doenças cardiovasculares, consiste principalmente de frutas e legumes, carne magra e peixe, e uma preferência pelo azeite sobre outras gorduras.

A globalização, o comércio de produtos alimentares e as mudanças no estilo de vida, incluindo a mudança do papel da mulher na sociedade, estão mudando os hábitos de consumo no Mediterrâneo, indica o relatório. "Enquanto a subnutrição ainda aflige a parte sul do Mediterrâneo, os países da região são cada vez mais confrontados com o flagelo do excesso de peso", especialmente entre as crianças, segundo o relatório. "A dieta mediterrânea é nutritiva, bem integrada com as culturas locais, respeitadora do ambiente e propícia para as economias locais", ressalta Alexandre Meybeck, coordenador do programa Sistemas Alimentares Sustentáveis da FAO.



Mas com o aumento do número de alimentos importados de outras regiões e a transformação das paisagens locais de monocultura, os sistemas alimentares tradicionais sofrem os efeitos das mudanças nos hábitos alimentares, adverte o relatório. Segundo estimativas, apenas 10% das variedades de culturas tradicionais locais ainda são cultivadas na zona do Mediterrâneo.

O turismo, a crescente urbanização, o esgotamento dos recursos naturais e a perda de conhecimento tradicional contribui para a rápida diminuição da diversidade genética das culturas e raças animais em todo o Mediterrâneo.

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