As anormalidades ligadas ao funcionamento do coração durante o nascimento, chamadas cardiopatias congênitas, são adversidades comuns, com tratamento pouco eficaz. Pesquisadores norte-americanos experimentam, por meio da ação de células com características regenerativas, reverter esse quadro. Obtiveram resultados positivos ao testar uma proteína humana em ratos. Segundo eles, o procedimento, detalhado na revista Science Translational Medicine, poderá ser usado tanto nos pequenos pacientes quanto em adultos com outras complicações cardíacas.
O grupo responsável pela pesquisa tomou como base para os testes estudos também conduzidos por eles e que indicavam que a neuregulina-1 ; proteína conhecida por estimular a regeneração de células cardíacas, os cardiomiócitos ; poderia ser usada com sucesso em crianças. ;As nossas publicações anteriores mostraram que a proliferação das células do músculo cardíaco é mais ativa nas crianças. Publicamos também que a neuregulina-1 pode ser utilizada para estimular esse processo. A novidade deste estudo é que ele prepara o terreno para um futuro ensaio clínico testando a administração da neuregulina recombinante em crianças com doença cardíaca;, detalhou ao Correio Bernhard Kuhn, médico do Hospital de Crianças de Pittsburgh e um dos autores do trabalho.
"Temos exames que rastreiam essas cardiopatias com o bebê na barriga da mãe. Quanto mais cedo ele for feito, maiores as chances de regeneração;Paulo Cardoso, cardiologista
Para testar a ação de neuregulina, os cientistas criaram uma fórmula que tem a proteína como base e trataram ratos com injeções diárias do medicamente durante 34 dias. Trinta dias após o tratamento, detectou-se o crescimento dos cardiomiócitos nas cobaias. Os pesquisadores acreditam que o resultado positivo foi obtido, principalmente, porque os animais foram tratados logo após o nascimento. Isso porque, ao repetir o procedimento com ratos que foram medicados com três dias de vida, os benefícios não foram observados.
Diferente em adultos
;A capacidade de cura do coração adulto em seres humanos e em mamíferos em geral é muito baixa. Com base em observações casuais, podemos dizer que os bebês e as crianças têm uma melhor capacidade regenerativa do coração, apesar de isso não ter sido formalmente testado pela pesquisa;, destaca Kuhn.
Paulo Cardoso, cardiologista do Hospital do Coração do Brasil e não participante do estudo, também avalia que o experimento norte-americano teve destaque por testar a técnica em animais recém-nascidos. ;A tentativa de restauração dos cardiomiócitos em adultos não teria o mesmo resultado, já que, possivelmente, essas células não se regenerariam da mesma forma;, frisa. Por conta dessa diferença nas habilidades, explica Cardoso, o diagnóstico precoce de doenças cardíacas facilita as intervenções médicas. ;Temos exames que rastreiam essas cardiopatias com o bebê na barriga da mãe. Quanto mais cedo ele for feito, maiores as chances de regeneração.;
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