Ciência e Saúde

Câncer pode ser detectado na saliva e no sangue, diz estudo

Pesquisadores norte-americanos desenvolvem exame capaz de identificar tumores de cabeça e pescoço em amostras dos fluidos corporais. A técnica pode estar disponível daqui a alguns anos e tornar a biópsia desnecessária

Vilhena Soares
postado em 25/06/2015 06:03

Quanto mais cedo um câncer for identificado, maiores as chances de cura. Esse consenso médico, que estimula diversas campanhas para detecção precoce da doença, motivou pesquisadores americanos a desenvolverem uma técnica que diagnostica de forma mais simples e rápida tumores na cabeça e no pescoço, exigindo apenas uma amostra da saliva e do sangue dos pacientes. Testado com bons resultados em um grupo reduzido de pacientes, o exame aponta a possibilidade de que, daqui a alguns anos, exista um exame eficaz que dispense procedimentos mais complexos, como biópsia.

O teste criado pelos americanos, apresentado esta semana na revista Science Translational Medicine, é um sequenciamento capaz de identificar no material colhido dos pacientes mutações genéticas relacionadas a essas enfermidades, incluindo o HPV, vírus que é uma das maiores causas dos males, ao lado do consumo de álcool e do tabagismo. A técnica é derivada de estudos anteriores que identificaram marcadores genéticos desses tipo de cânceres.

;A ideia surgiu a partir da especificidade de alterações genéticas que caracterizam e são a marca de células cancerosas. Apenas essas substâncias contêm essas mutações. Assim, sua detecção em fluidos corporais era uma expectativa razoável;, explica ao Correio Nishant Agrawal, professor associado de oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins e um dos autores do trabalho.

Com base nessas células, os cientistas passaram a buscar formas de detectar as mutações em fuidos corporais, como saliva, sangue e urina. ;Sempre cogitamos identificar câncer de cabeça e pescoço na saliva e no sangue de pacientes, mas, para conquistar isso, precisávamos encontrar uma nova tecnologia. Nós desenvolvemos uma metodologia com sensibilidade apurada que permite a detecção confiável de mutações relativamente raras;, explica o autor.

Resultados
Para testar a eficácia da técnica, foram selecionados 93 pacientes diagnosticados com câncer. O teste foi bem-sucedido em 76% das vezes em que se analisou apenas a saliva e em 87% quando aplicado em amostras de sangue. Porém, nos 47 voluntários que cederam os dois tipos de fluido, o índice de acerto alcançou 96%, com o câncer sendo detectado em 46 indivíduos.

A saliva foi muito eficaz na detecção de câncer de cavidade oral, incluindo casos em estágios iniciais. Já o sangue se mostrou ideal para encontrar três outros tipos de câncer que afetam a garganta e o pescoço. ;Combinando análises de sangue e de saliva foi possível aumentar as chances de encontrar o cancro em qualquer uma dessas regiões;, diz Agrawal.

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