Vilhena Soares
postado em 05/07/2015 08:00
;Os nossos corpos têm a mesma batida, o mesmo ritmo, o mesmo tango por dentro;, escreveu o escritor português Manoel Alegre. Embora mencione a arte típica da Argentina, a frase traduz bem a capacidade que a música ; de qualquer lugar e cultura ; tem de reunir as pessoas. Essa percepção do poeta começa a ganhar a academia, que, cada vez mais, se interessa em estudar o poder aglutinador do ritmo e da melodia.
A mais recente pesquisa nessa área foi publicada há poucos dias na edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). Os autores chegam a uma conclusão que pode ser considerada polêmica: há algo em comum na música produzida no mundo todo. Esse ingrediente universal seria justamente a tendência de criar ritmos que estimulam o movimento coordenado dos corpos, o que torna esse tipo de arte num das mais poderosas colas sociais existentes. ;Muitas pessoas tinham proposto várias candidatas a batidas universais, mas ninguém havia testado essa teoria. Por isso, desenvolvemos um esquema de classificação para analisar uma grande amostra de músicas do mundo todo;, afirma ao Correio Patrick Savage, um dos autores da pesquisa e estudante da Universidade de Artes de Tóquio.
Os autores analisaram 304 gravações de todos os continentes, criadas nas américas do Norte, Central e do Sul; na Europa; na África; no Oriente Médio; no sul e sudeste da Ásia; e na Oceania. Apesar de os estilos serem variados, foi possível traçar dezenas de recursos de tom e ritmo que estavam presentes na grande maioria das peças. Os resultados mostraram que ritmos baseados em duas ou três batidas são bastante comuns e extremamente eficazes para que os ouvintes possam se mover de maneira sincronizada, em uma espécie de comunhão.
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