Paloma Oliveto
postado em 10/07/2015 11:02
A união, diz o ditado, faz a força. O velho chavão do mundo colaborativo ganhou ares futuristas com a publicação ontem de dois artigos na revista britânica Scientific Report. Neles, um grupo de pesquisadores encabeçados pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis afirmou que, pela primeira vez, conseguiram fazer com que animais executassem juntos uma tarefa simples usando apenas o cérebro. A experiência abre caminho para o aperfeiçoamento do projeto Walk Again, de Nicolelis, que visa ensinar pacientes imobilizados a controlar membros robóticos, os exoesqueletos.
Em um trabalho anterior, publicado há dois anos na Science, o brasileiro vinculado à Universidade de Duke, nos Estados Unidos, já havia demonstrado que macacos-rhesus conseguiam controlar um braço virtual, exibido no monitor de um computador, com o pensamento. A diferença, agora, é que essa mesma tarefa foi executada por um grupo de animais. Com o treino, eles conseguiram sincronizar os movimentos do membro avatar em troca de um copo de suco.
Para tanto, os cientistas, primeiramente, implantaram eletrodos no cérebro dos animais ; a experiência também foi feita com sucesso, segundo os pesquisadores, em ratos. Os chips conseguem gravar sinais cerebrais e enviar pulsos de estimulação elétrica aos neurônios. No teste com os roedores, verificou-se que o processamento de imagens digitais era mais preciso quando os cérebros estavam ligados em rede de três ou quatro.
Os experimentos com macacos foram além: combinando o cérebro dos mamíferos para executar uma tarefa tridimensional. Também com eletrodos implantados, os rheusus inicialmente aprenderam a mover um braço virtual exibido na tela de um computador. O monitor mostrava a imagem do braço e a de uma bola ; o objetivo do animal era fazer com que o membro se movesse em direção à bola.
Sozinho, o macaco não consegue movimentar o avatar em todas as direções ; ele pode, contudo, ;arrastá-lo; na tela com alguma limitação. Mas, em conjunto, a missão foi bem-sucedida. Os três animais ; cada um em uma sala diferente ; usaram o cérebro para mover o braço em direção ao alvo (a bola). O eletrodo gravou os sinais elétricos gerados pelos neurônios dos macacos na execução da tarefa. Quando foram colocados no computador, esses pulsos, combinados, resultaram no movimento coordenado e tridimensional do braço no monitor.
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