O jaborandi é usado pela indústria de cosméticos como poderoso tonificante capilar. Agora, a planta brasileira queridinha de clientes e cabeleireiros pode deixar os salões de beleza para combater vilões mais perigosos que pontas duplas e fios ressecados. O composto epiisopiloturina, extraído das folhas da árvore, demonstrou, em testes com camundongos, eficácia no combate ao parasita Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Cientistas das universidades Federal do Piauí (UFPI) e de São Paulo (USP) acreditam que, no futuro, o produto poderá ser usado em humanos como fitoterápico ou em versões sintéticas.
Também conhecida como barriga d;água ; os infectados ficam com o abdômen inchado ;, a doença atinge 240 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O praziquantel, principal droga usada no controle da esquistossomose, funciona apenas contra vermes adultos. Embora melhore o quadro geral da doença, não promove a cura completa nem interrompe o processo de transmissão. A nova solução, descrita recentemente na revista PLoS Neglected Tropical Diseases, age sobre a todas as formas do patógeno. ;O verme tem um ciclo de vida bem complexo e, no organismo humano, pode existir em três formas diferentes: ovo, jovem e adulto. A epiisopiloturina foi eficaz em todos os estágios e não apresentou toxicidade significativa;, explica Ana Carolina Mafud, uma das autoras do projeto.
A substância promissora começou a ser estudada em uma tentativa de aproveitar resíduos de outro estudo com a árvore nativa da região amazônica. Mafud conta que a empresa Centroflora faz no Piauí a extração em larga escala da pilocarpina, substância também presente na folha do jaborandi e usada no tratamento de glaucoma. ;Mas o processo industrial gera grande quantidade de resíduo líquido e não há local adequado de descarte;, completa. Para conseguir o selo ISO 14001, que certifica organizações como ambientalmente responsáveis, a empresa precisava resolver o problema.
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