Ciência e Saúde

Altos índices de testosterona aumentam chances de decisões precipitadas

Pesquisa revelou que grandes quantidades de testosterona e cortisol aumentaram as chances de investidores tomarem decisões mais ousadas no mercado financeiro

Paloma Oliveto
postado em 02/08/2015 08:00
Eles gritam, xingam, gesticulam. Passam a mão pelos cabelos, limpam o suor da testa, socam a mesa em comemoração ou em sinal de aborrecimento. Se fosse possível medir no ar os níveis de testosterona e de cortisol, o hormônio do estresse, provavelmente corretoras e bolsas de valores apresentariam os mais altos índices das substâncias. Nesses ambientes, o tempo inteiro, funcionários ; homens, na grande maioria ; lidam com decisões arriscadas, que podem significar a fortuna ou a ruína material.

Se o mercado é, por excelência, uma zona de risco, muitas vezes os investidores extrapolam os limites da ousadia, desestabilizando todo o cenário. A culpa disso pode estar nos hormônios. De acordo com um grupo de pesquisadores europeus e americanos, a testosterona e o cortisol afetam padrões de comportamento e contribuem para que o jogo se torne ainda mais perigoso.

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[SAIBAMAIS]Em um artigo publicado na revista Scientific Reports, os cientistas justificam o interesse pelo tema dizendo que ;é amplamente sabido que mercados financeiros se tornam perigosamente instáveis, embora não esteja claro o porquê;. Alguns estudos prévios destacaram a possibilidade de hormônios produzidos pelo corpo ; particularmente a testosterona e o cortisol ; influenciarem de forma crítica a decisão de investidores. ;O que conseguimos fazer foi mostrar que o cortisol, uma substância que modula a resposta ao estresse físico e/ou psíquico, prediz a instabilidade nos mercados financeiros;, conta Ed Roberts, pesquisador do Departamento de Medicina do Imperial College London e um dos principais autores do estudo.

Experimento
Para chegar a essa conclusão, os cientistas realizaram dois experimentos com voluntários que passaram por simulações de transações financeiras. Primeiro, eles mediram os níveis de cortisona e de testosterona em amostras de saliva de 142 voluntários dos dois sexos, que participaram de um jogo de investimento em ações, divididos em grupos de 10 pessoas. Esse primeiro teste mostrou que os participantes com dosagens mais altas de cortisol eram os mais propensos a encarar os riscos. Quanto maiores os níveis, também maior a instabilidade de preços.

Em seguida, 75 jovens do sexo masculino foram recrutados para receber, antes do jogo, doses extras de cortisol ou testosterona. Em uma das partidas, eles, sem saber, tomavam placebo. A substância inócua não influenciou o comportamento dos voluntários. Já os hormônios verdadeiros modificaram a atitude em relação à tomada de decisões ariscadas.

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