Em um mundo cada vez mais obeso, pesquisadores querem saber como as bebidas mais populares do globo impactam na saúde de homens e mulheres. Juntando dados epidemiológicos de 187 países, um estudo da Faculdade de Ciências e Políticas Nutricionais da Universidade de Trufts, nos Estados Unidos, montou o cenário do consumo de refrigerantes, sucos de fruta e leite em todas as regiões geográficas, considerando adultos com mais de 20 anos. Encontraram padrões bastante diversos que, de acordo com os especialistas, poderão ser usados para nortear políticas públicas de saúde voltadas a grupos populacionais específicos.
O resultado, publicado na revista Plos One, aponta para a ingestão excessiva de bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes e energéticos. Em média, tomam-se mais esses drinques artificiais do que os outros pesquisados: 0,58 porção de 230ml por dia, contra 0,57 de leite e 0,16 de sucos de fruta. Dependendo da faixa etária e do gênero, a discrepância é ainda maior. Homens de 20 a 39 anos, por exemplo, tomam 1,04 porção de refrigerantes/energéticos por dia, 0,18 de suco e 0,51 de leite.
Por outro lado, as mulheres de todas as idades consomem menos bebidas açucaradas (0,56 porção) do que leite (0,60) e sucos de fruta (0,18).;Nós sabemos que diferentes bebidas têm impactos substanciais sobre a saúde, mas, até agora, não havia um mapa detalhado do ponto de vista estatístico sobre o consumo das açucaradas, dos sucos de fruta e do leite em nível global e regional;, observa Gitanjali Singh, professor assistente da Universidade de Tufts e principal autor do estudo, que contou com dados brasileiros de pesquisas nacionais feitas até 2010.
A nutricionista funcional Joana Lucyk, autora do recém-lançado livro Por que não posso comer besteiras todos os dias? (editora HTC), afirma que a ingestão exagerada de refrigerantes e sucos ; altamente calóricos e com pouco teor de fibras ; tem forte relação com a epidemia de obesidade. ;Não é fator exclusivo, mas é um coadjuvante bastante importante;, diz.
Joana Lucyk explica que tanto o açúcar quanto outros elementos dessas bebidas, como frutose, sacarose e maltodextrina, desencadeiam processos inflamatórios associados ao acúmulo de gordura corporal.
O resultado disso não se limita a pneuzinhos a mais na silhueta, observa Gitanjali Singh. Ele destaca que pelo menos 180 mil mortes anuais estão associadas ao excesso de açúcar. ;Com base no Global Burden of Diseases Study (relatório mundial sobre incidência de doenças crônicas), sabemos que, anualmente, a obesidade causa 133 mil óbitos por diabetes, 44 mil por doenças cardíacas e 6 mil por males oncológicos. Setenta e oito por cento das mortes devido ao consumo excessivo do açúcar concentram-se em países de renda baixa e média;, detalha. No estudo publicado na Plos One, a ingestão de refrigerantes é maior em nações em desenvolvimento: 0,8 porção diária, contra 0,51 registrada em países ricos.
Leite
Em todas as faixas de renda e regiões do planeta, o consumo de leite segue um padrão semelhante. A bebida tem apelo maior entre mulheres e pessoas com mais de 60 anos. Jovens e adultas de 20 a 39 bebem 0,55 de porção por dia, contra 0,51 ingerida por homens da mesma idade. Dos 60 em diante, a dose diária de leite passa para 0,68 porção (mulheres) e 0,55 (homens). No estudo, considerou-se a versão integral da bebida, que é mais gordurosa que a semidesnatada e a desnatada.
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