Ciência e Saúde

Brasil pode atrair investimentos agrícolas se diminuir desmatamento

Relatório de entidade ambientalista norte-americana também aponta necessidade de controla da emissão de gases do efeito estufa

Isabela de Oliveira
postado em 17/08/2015 07:41

Há seis anos, durante a COP-15, cúpula das Nações Unidas sobre o clima em Copenhague, o governo brasileiro anunciou o compromisso de fazer com que, em 2020, o desmatamento na Amazônia Legal fosse 80% menor do que a média de devastação observada entre 1996 e 2005 ; 19.508km;. A medida faz parte da meta voluntária de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gases do efeito estufa pelo país previstas para daqui a cinco anos.
A taxa de derrubada de árvores entre agosto de 2013 e julho de 2014 (5.015km;), anunciada na última sexta-feira, confirma que a redução já chega a 75%, indicando que o objetivo, por mais ousado que parecesse, poderá ser alcançado sem problemas. Um estudo feito pela organização civil Earth Innovation Institute, sediada em San Francisco (EUA), no entanto, afirma que o governo pode pensar ainda mais alto, sem que isso represente problemas extras para o desenvolvimento econômico.

De acordo com o relatório, coordenado por Daniel Nepstad, o Brasil tem condições de alcançar 90% de redução. Essa medida, somada ao reflorestamento de 12 milhões de hectares (meta que o governo quer cumprir até 2030), levaria ao desmatamento líquido zero e à emissão de carbono florestal líquida zero ; esta última dependente também de um maior controle das queimadas e do comércio de madeira. Com isso, as emissões de gases do efeito estufa (GEE) recuariam 40%.

A pesquisa busca dar suporte às Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas (INDC, na sigla em inglês) do país. Esse é um documento no qual cada nação deve expor as ações que pretende adotar a partir de 2020 para frear o aquecimento global. Na visão do Earth Innovation, o Brasil tem muito a ganhar se apresentar um INDC realmente ousado, que zerasse as emissões e o desmatamento líquidos.

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O estudo não ignora que as medidas teriam um custo alto ; na casa de ;dezenas de bilhões de dólares; ;, inclusive para apoiar agricultores de assentamentos a se integrarem aos mercados e contarem com técnicas agrícolas mais modernas. Mas os autores argumentam que um INDC ousado aumentaria o acesso do país a iniciativas internacionais de financiamento de preservação de florestas, como o Green Climate Fund, da União Europeia.

Além disso, o país deixaria de encontrar resistências internacionais a seus produtos que ainda persistem em companhias e governos que temem ter seus negócios relacionados ao desmatamento da Amazônia. Em outras palavras, o país ganharia financiamento estrangeiro para seu programa ambiental e ainda conquistaria mais mercado. ;O INDC do Brasil é uma oportunidade para acelerar a transição dessa nação de uma década de grandes avanços na governança de suas vastas fronteiras de floresta tropical para uma nova fase de desenvolvimento rural, na qual inovações agrícolas e florestais prosperam sob claras e eficazes regras para fazer negócio;, conclui o relatório, que pode ser acessado no site http://earthinnovation.org/publications/3627/.

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