Ciência e Saúde

Estudo mostra que casais podem se beneficiar do "sexting"

Troca de mensagens sensuais pelo celular ou por outros meios eletrônicos pode aumentar a satisfação sexual de pessoas envolvidas em um relacionamento estável

Vilhena Soares
postado em 29/08/2015 08:00

Sexting é o termo utilizado para descrever o envio de fotos, vídeos ou textos de conteúdo erótico pelo celular ou por outros meios digitais. Na maior parte das vezes, a prática é associada à infidelidade e ao risco de ter a privacidade exposta. Porém, uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos aponta que o hábito não só parece ser muito comum como pode ser benéfico ao relacionamento de casais.

Principal autora do estudo, Emily Stasko, pesquisadora da Universidade de Drexel, na Pensilvânia, conta que, no início, seu interesse era investigar como adultos lidavam com o sexting. ;A maioria das pesquisas sobre essa prática tem se concentrado em adolescentes e jovens. Nós queríamos explorar o papel dela nas relações adultas;, afirma ao Correio.

Buscando seu objetivo, Stasko elaborou um questionário sobre os mais variados hábitos tecnológicos, sendo que algumas das perguntas eram sobre o tema de interesse. Oitocentas e setenta pessoas de 18 a 82 anos, sendo um pouco mais da metade mulheres, preencheram o formulário, disponibilizado na internet. Os resultados indicaram que 82% dos participantes relataram ter mandado mensagens com nudez nos 12 meses que antecediam o estudo, 75% disseram ter enviado as mensagens para um parceiro com quem estavam comprometidos, e 43% praticaram o sexting em uma relação causal. Apenas 12% admitiram ter praticado o sexting enquanto traíam seus companheiros.

;Ficamos surpresos com as altas taxas que observamos, apesar de, devido ao método de amostragem utilizada, ser possível que a elevada prevalência observada não represente a população geral dos EUA, pois essas pessoas podem ser tecnologicamente mais experientes do que a população em geral;, frisa a autora. ;Mas, independentemente do motivo para essa alta prevalência, acreditamos que esse grupo é apropriado para explorar o papel de sexting em relacionamentos adultos;, frisa Stasko.

Nesse sentido, um dado que chamou a atenção de Stasko foi a maior satisfação sexual apresentada pelas pessoas que praticavam o sexting dentro de um relacionamento estável. O grupo dos comprometidos não só faz a troca de mensagens com mais frequência como também tendem a descrever o ato como ;divertido e despreocupado;. ;O envio de fotos íntimas parece ser geralmente bom para a satisfação sexual. Dentro do contexto de um relacionamento, praticar o sexting, se desejado pelo casal, é algo que importa e é bom para a satisfação sexual;, destaca a cientista.

O sexting tem sido alvo de muitos estudos, porém poucos deles ressaltam qualidades positivas da prática, já que, em grande parte, as análises destacam os riscos relacionados ao vazamento de fotos íntimas, principalmente de adolescentes ; a prática é apontada como potencial incentivadora de exploração sexual pela internet. Para a cientista, contudo, é possível apontar também pontos positivos.

Nova visão

;É preciso reformular a conversa sobre sexting. Precisamos discuti-lo como um comportamento que pode ser bom e ruim. Ele é uma parte normal de muitos relacionamentos adultos. Há uma tendência de sensacionalismo que tenta vilanizá-lo, mas nossos resultados indicam que ele pode desempenhar um papel dentro de relacionamentos felizes e saudáveis;, destaca Stasko. ;Se fosse apenas algo ruim, ele não seria tão popular como é;, completa.

Para Caroline Mota, professora do curso de psicologia do Centro Universitário Iesb de Brasília, o trabalho dos americanos se destaca justamente por revelar dados novos sobre o sexting. ;A pesquisa mostrou uma positividade maior para pessoas que estavam em um relacionamento em comparação com as que não possuíam vínculo. O que podemos destacar é que isso depende muito do valor moral que o casal tem; se é um acordo entre ambos. Um vínculo de parceria pode ser interessante para eles;, avalia.

;A única ressalva é que a prática, caso mostre a necessidade de substituição de algo que está em falta, pode apontar um buraco a ser preenchido na relação;, frisa a especialista. Mota também acredita que o sexting deve se popularizar ainda mais. ;Pelos números mostrados nesse estudo, e também pelo aumento da quantidade de recursos tecnológicos, acredito que é uma tendência que deve continuar. É uma prática que veio para ficar;, completa.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação