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Ciência e Saúde

Grandes ganhos financeiros não são garantia de felicidade, diz estudo

Economista matemático alemão garante que modelo ideal de satisfação combina aumentos progressivos de renda, mesmo que pequenos, e horário moderado de trabalho

Na busca pela fórmula da felicidade, o dinheiro costuma ser uma importante variável. O peso da riqueza no resultado da equação, contudo, varia conforme o autor do cálculo. Agora, um estudo da Universidade de Bonn, na Alemanha, mostra que uma renda maior, de fato, aumenta a satisfação pessoal. Mas a conta não é tão simples. Para tanto, o ideal é receber aumentos periódicos ; uma grande soma de uma só vez não traz o efeito benéfico. Outro componente fundamental para a alegria geral da população tem a ver com carga horária laboral: menos horas de trabalho está associado a uma percepção maior do bem-estar.

Quem fez o estudo não foi um psicólogo ou especialista em comportamento. Christian Bayer é economista matemático e seu trabalho foi publicado na revista American Economic Journal. Bayer e Falko Jüssen, da Universidade de Wuppertal, também da Alemanha, desenvolveram uma nova abordagem para investigar a influência do dinheiro na satisfação. Em vez de uma relação puramente estatística ; comparar a renda das pessoas com a autoavaliação que têm da felicidade ;, eles optaram por considerar a dinâmica dos ganhos financeiros. ;Um aumento de renda progressivo e duradouro tem um efeito completamente diferente na satisfação do empregado, comparado a um ganho temporário, mesmo que esse último seja substancial;, observa Bayer.

O matemático explica que, embora a literatura sobre o tema seja robusta, o questionamento a respeito da influência das condições econômicas individuais na percepção da felicidade ainda carece de respostas. Para desenvolver a própria fórmula, Bayer utilizou dados do Painel Socioeconômico Alemão Anual (Soep), um estudo longitudinal que inclui dados de composição familiar, emprego, renda, saúde e indicadores de satisfação. Os pesquisadores pegaram resultados de 1984 a 2010, focando em provedores e seus companheiros com idades de 25 a 55 anos, de renda média. No fim, eles trabalharam com informações de 77.112 indivíduos.

Ocupação
Como o Soep acompanhou essas pessoas por um longo período, sempre avaliando as mesmas questões, foi possível verificar de que maneira a flutuação de renda impactou o índice de satisfação dos participantes, que sempre respondiam à pergunta ;O quão insatisfeito ou satisfeito você está com sua vida no geral?;, em uma escala de 1 (nada satisfeito) a 7 (completamente satisfeito). Um dado sobre o qual os pesquisadores se debruçaram foi o relativo ao mercado de trabalho: se a pessoa estava empregada e, em caso positivo, quantas horas semanais de trabalho.

;Nós constatamos que, ao contrário do que já disseram algumas outras pesquisas, ter um trabalho, qualquer que seja ele, não traz mais felicidade que estar desempregado. Os desempregados no nosso estudo sofriam não pelo desemprego em si, mas pela falta de renda;, assinala Bayer. ;Também observamos que o nível de felicidade vai decrescendo quanto mais horas são dedicadas ao trabalho. A fórmula do bem-estar parece ser melhorar permanentemente a renda sem aumentar as horas de trabalho. Se você muda de emprego, por exemplo, para ganhar uma quantia bem maior, mas para se dedicar muito mais tempo, isso não aumentará a felicidade. Mas, se recebe aumentos progressivos ao longo da carreira, ainda que não sejam tão altos, tendo de trabalhar a mesma quantidade de horas de antes, aí, sim, encontrará uma satisfação maior;, diz.

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