Ciência e Saúde

Sem possível acordo, otimismo que cercava COP21 fica abalado

Especialistas, contudo, continuam acreditando que avanços importantes serão alcançados

Paloma Oliveto
postado em 15/11/2015 08:00
Especialistas, contudo, continuam acreditando que avanços importantes serão alcançados
Daqui a duas semanas, representantes de 190 países deverão, numa Paris assustada pelo horror dos recentes ataques terroristas, realizar uma tarefa nada simples: decidir o futuro da Terra. Na mais importante conferência climática mundial desde Copenhague, que, há seis anos, decepcionou os que esperavam um acordo robusto, os líderes mundiais deverão traçar os caminhos que levarão a um planeta menos ameaçado pelo superaquecimento registrado desde a industrialização. Para isso, terão de definir políticas de contenção das emissões de gases do efeito estufa ; incluindo a transição para uma matriz energética limpa e a redução do desmatamento ;, financiamento e transferência tecnológica para nações menos desenvolvidas, além de formas de mitigar os estragos que já foram feitos.

Até alguns dias atrás, pairava uma sensação de otimismo que não era vista desde a COP15, da capital dinamarquesa. Mas, se naquela ocasião, a crença de que um acordo seria fechado não deixava de ser ingênua, agora, elementos concretos vinham sinalizando um resultado positivo. ;Hoje, temos diferenças no mundo real, frente a 2009. Mudou a administração americana, a tecnologia avançou muito na prática, avançou o protagonismo da China;, enumera Délcio Rodrigues, consultor do Instituto Vitae Civilis, organização não governamental integrante do Observatório do Clima. ;Todas essas mudanças são favoráveis a uma situação melhor;, observa.

Contudo, o especialista destaca que as declarações do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ao jornal inglês Financial Times, na quarta-feira passada, jogaram um balde de água fria nos que previam um acordo legalmente vinculante, ou seja, com metas e compromissos que podem ser cobrados dos países. Kerry disse à publicação que o documento de Paris ;certamente não será um tratado; e que ;não haverá metas de redução juridicamente vinculantes, como foi o caso em Kyoto;, referindo-se ao Protocolo de Kyoto, de 1997 (veja quadro). Para ser um tratado, o texto precisa ser aprovado pelo Congresso e, embora os Estados Unidos tivessem assinado o acordo de Kyoto, que determinava cortes nas emissões de carbono para países desenvolvidos, o Congresso não ratificou o documento.

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