Ciência e Saúde

Cientistas começam a avaliar a participação de células na esquizofrenia

Essas estruturas dão suporte aos neurônios e podem estar ligadas a falhas na comunicação dos neurônios, uma das causas da doença

postado em 16/11/2015 06:00
Ao analisar atividades celulares que ocorrem no cérebro de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis, pesquisadores começaram a perceber que há indícios do distúrbio não só nos neurônios, mas também nas células da glia ; tidas, até bem pouco tempo atrás, como peças secundárias nas funções do sistema nervoso. Dois trabalhos recentes destacam-se nessa linha de estudo: um coordenado pelo bioquímico Daniel Martins-de-Souza, da Universidade de Campinas (Unicamp); e outro de um grupo britânico liderado por Peter Bloomfield, do Imperial College de Londres.

A esquizofrenia, um distúrbio caracterizado por crises de alucinação e de comportamentos anormais, é considerada uma doença de desconectividade cerebral. Embora ainda não se saiba a causa exata dessa falha na comunicação dos neurônios e como ela altera a distinção entre experiências reais e imaginárias, a equipe de Martins-de-Souza deu um passo à frente ao focar nos oligodendrócitos, células da glia que fabricam mielina (camada que ajuda na condução dos impulsos nervosos) e fornecem energia aos neurônios.

Eles seguiram uma pista dada em 1999 por cientistas russos ao compararem os resultados de imagens cerebrais de esquizofrênicos e indivíduos considerados saudáveis. À época, o grupo observou que os pacientes tinham menos oligodendrócitos do que o grupo sem o distúrbio. ;Mas como isso acontece? Por que acontece? Procuramos entender melhor o que ocorre nos oligodendrócitos e descobrimos que, quando eles não produzem mielina e energia suficiente para o neurônio, a comunicação entre células fica deficitária;, explica ao Correio Martins-de-Souza.

O bioquímico e especialista em doenças psiquiátricas faz uma comparação com um simples sistema elétrico. ;Se esse oligodendrócito não produz mielina de forma eficiente, a energia não passa direito, ocorrem falhas na comunicação. É como um fio elétrico que possui um pedaço desencapado;, exemplifica. A equipe dele investiga o impacto no funcionamento cerebral de 10 proteínas produzidas por esse tipo de célula da glia.

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