Vilhena Soares
postado em 28/11/2015 08:10
Saber se um paciente vai responder de forma positiva a determinado medicamento intriga médicos e cientistas. Por isso, há muitas pesquisas focadas em desenvolver métodos mais personalizados de tratamento. Nessa linha, cientistas suecos e alemães resolveram investigar como os antidepressivos agem no cérebro. O grupo realizou experimentos em ratos e em humanos com uma droga muito utilizada no combate à depressão, a paroxetina. Conseguiram determinar uma proteína importante para a eficácia do remédio. E o melhor: esse biomarcador pode ser detectado em um exame de sangue. Detalhes do achado foram publicados recentemente na revista Science Sginaling. A equipe utilizou como base informações já conhecidas na área psiquiátrica, como a ligação da depressão e de outros transtornos mentais com desequilíbrios na metilação do DNA ; responsável pela ativação ou pela desativação de genes ; que podem afetar o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, pela sigla em inglês). O BDNF é uma molécula que regula os circuitos cerebrais envolvidos na aprendizagem, na memória e em formas de como lidar com o estresse. Desajustado, pode provocar as enfermidades.
Gustavo Guida, geneticista do Laboratório Exame de Brasília, explica que os distúrbios psiquiátricos estão ligados aos neurotransmissores e o que mais interfere no funcionamento deles são os padrões de metilação. ;Por causa disso, a necessidade de saber o mecanismo exato envolvido nisso para encontrar um remédio que possa transferir a função de um gene;, diz.
Ao analisar a ação da paroxetina, os cientistas observaram que o medicamento estimula um par de proteínas chamadas FKBP51, conhecidas por influenciar a resposta ao estresse, diminuindo a atividade da DNMT1, uma enzima responsável pela metilação do DNA. Dessa forma, aumenta-se a expressão do BNDF, desregulando os circuitos cerebrais. ;O nosso trabalho mostrou que os antidepressivos diminuíram a atividade de DNMT1, e que os efeitos do antidepressivo dependem de como age a proteína FKBP51;, destacou ao Correio Theo Rein, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto de Psiquiatria Max Planck, na Alemanha.
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