O futuro da Terra começa a ser debatido hoje em Paris por representantes de 195 países, que participam da 21; Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC). Na mesa de negociações, uma pauta de 55 páginas converge para um grande objetivo: chegar ao fim do século com um planeta no máximo 2;C mais quente que os níveis pré-industriais. Para tanto, porém, estão em jogo questões de difícil consenso. Uma delas é a assinatura de um acordo legalmente vinculante. No jargão jurídico internacional, significa um documento com ações que, se descumpridas, estão passíveis de punição. Ontem, a secretária executiva da UNFCC, Christiana Figueres, garantiu que o acordo sai. ;Não consideramos a possibilidade de fracasso;, afirmou, em Paris.
Há seis anos, na Dinamarca, havia expectativa de que o sucessor do Protocolo de Kyoto, que expira em 2020, fosse acordado, o que não aconteceu. De lá para cá, o senso de urgência para limitar as emissões de CO2 aumentou. Em um movimento político histórico, 147 chefes de Estado, incluindo a presidente Dilma Rousseff, que discursará hoje, estarão presentes na primeira semana da conferência. O gesto é visto como sinal de comprometimento, endereçado a uma sociedade cada vez mais engajada nas discussões sobre mudanças climáticas.
Ontem, enquanto diplomatas começavam a primeira reunião oficial da COP21 ; o grupo de trabalho da Plataforma de Durban, que negocia os termos do futuro acordo, pediu para iniciar os trabalhos um dia antes do previsto ;, pessoas do mundo todo foram às ruas na marcha pelo clima. Em uma Paris ainda enlutada pelos atos terroristas de 13 de novembro, o evento foi cancelado por medidas de segurança. No lugar de participantes, a Praça da República ficou repleta de sapatos ; inclusive de um par enviado pelo papa Francisco ;, para simbolizar o evento frustrado pelos radicais islâmicos. O que não evitou que manifestantes ;anti-COP21; entrassem em conflito com a polícia, no centro da cidade. Mais de 200 pessoas foram presas e, segundo o presidente François Hollande, não se tratava de defensores ambientais, mas ;elementos perturbadores;.
Em Brasília, cerca de 120 pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios. ;A sociedade precisa se impor. A marcha é um exemplo para que os líderes mundiais vejam que a população está atenta e quer propostas concretas;, destacou um dos organizadores do movimento, Gino Pedreira Lucchese, 23 anos, estudante de engenharia ambiental da Universidade de Brasília. Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre e Belo Horizonte também organizaram marchas. De acordo com a organização não governamental Avaaz, que conclamou a sociedade civil a ir às ruas, ao menos 160 cidades de todo o mundo fizeram caminhadas pelo clima.
Todas essas pessoas esperam que a COP21 não as decepcione. Mais ainda do que em Copenhague, as expectativas para Paris são altas. ;Sou otimista sobre o que podemos realizar porque tenho visto os Estados Unidos fazer progressos incríveis nesses últimos sete anos;, escreveu o presidente Barack Obama em seu Facebook, antes de pegar o avião que o levou para a capital francesa. Ontem, no Centro de Convenções Le Bourget, o chanceler francês e presidente da COP21, Laurent Fabius, insistiu na necessidade de se chegar a um acordo robusto. ;Eu me permito contar com vocês para construir compromissos;, discursou.
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