Ciência e Saúde

Cuidados durante a juventude melhoram qualidade de vida na terceira idade

A terceira idade é tempo para aprender culturas, compartilhar sentimentos e ideias e pôr planos em prática. Segundo especialistas, cuidados tomados ainda na juventude garantem o desfrute de todas essas experiências

Isabela de Oliveira
postado em 23/12/2015 06:10 / atualizado em 19/10/2020 18:05


Culturas de todos os tempos contam a história de uma fonte que restaura a juventude de quem bebe ou toma banho em suas águas. O manancial restaurador aparece nos manuscritos de Heródoto, no quinto século antes da era cristã, nas aventuras de Alexandre, o Grande e até mesmo no folclore que indígenas do Caribe contavam aos exploradores europeus do século 16. A busca pela mocidade perdura ainda hoje. Agora, revestida em tratamentos estéticos e na medicina anti-idade. Mas quem resistiu ao tempo, como o professor Maurício Cadaval, 74 anos, garante que qualidade é melhor que quantidade. Ele afirma que viver bem depende de coisas simples da vida, cuidados que estão ao alcance de todos.

“Se existe uma palavra que eu odeio é longevidade”, ele prossegue a conversa, explicando o porquê. “Nunca foi o meu objetivo viver muitos anos. O que importa é viver bem e com saúde, porque viver muito sem isso é bobagem”, enfatiza. Cadaval exemplifica que a mãe, que viveu até 102 anos, reclamava que a morte a havia tomado amigos e parentes queridos, fazendo com que se sentisse deslocada do mundo. “Ela se sentia estranha, e parece que isso acontece com todos os longevos”, observa o professor.

A opinião pode surpreender quem vive em busca de fórmulas que adicionem anos a mais à vida, e não vida aos anos a mais. Mas Cadaval corrige: “O que vale a pena é viver bem, com saúde e criatividade, que é uma coisa fundamental para manter o cérebro funcionando como deve”, diz o também artista plástico. O mineiro de fala baixa e mansa é, naturalmente, um contestador. Belo-horizontino, formou-se em sociologia e administração pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1964, mesmo ano em que um golpe militar pôs fim ao mandato de João Goulart, o Jango, presidente democraticamente eleito.

“Eu fazia parte de movimentos estudantis e acabei sendo preso”, conta. A repressão o levou para São Paulo, onde morou por alguns anos. Mestre em transportes urbanos pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília (UnB), onde também lecionou, Cadaval se fixou, há quase 25 anos, na capital federal. Aqui, interessou-se pelo remo, esporte que pratica há pelo menos 15 anos no Minas Brasília Tênis Clube. Não tem doenças crônicas, apenas “algumas dores que incomodam quando há excesso ou sedentarismo demais”.

Prevenção já
Para os jovens, prevenção é a palavra. “Buscar um consumo alimentar variado desde muito antes de envelhecer garante o fornecimento adequado de nutrientes ao longo da vida, o que previne e até evita o aparecimento de diversas doenças”, explica a nutricionista Jamila Vital, 26 anos. A especialista diz que a transição pode ser difícil para quem deseja uma vida mais equilibrada, independentemente da idade. “Principalmente pelo fato de a alimentação saudável conter menos tempero, sal, condimentos e açúcar. O idoso geralmente apresenta o paladar e o olfato reduzidos, o que é algo natural da idade. O apetite pode ficar assim também, surgindo intolerâncias alimentares ou alterações gastrointestinais relacionadas”, explica.

Seja qual for o meio escolhido para se preparar para o avanço da idade, Cadaval diz que é melhor começar logo e não pensar em viver muito, mas viver os anos que estão à frente com saúde e prazer. “Parece que ninguém está pensando nisso, que vai envelhecer. Ninguém mesmo, nem as pessoas nem os governos. Mas precisamos lembrar que existem muitos problemas de infraestrutura, seja na saúde, seja no transporte público, seja no próprio Estado, que regula coisas importantes, como a previdência social. A idade vem rápido, vocês não fazem ideia”, avisa.

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