Paloma Oliveto
postado em 25/01/2016 06:00
A imagem de um paraíso idílico, povoado por homens de alma e coração puros, é quase instantânea quando se pensa em pré-história. Guerras e toda sorte de disputas infames seriam um produto da civilização, quando, após abandonar o nomadismo, a humanidade conheceria o mal. Com uma dose menor de romantismo, alguns pensadores e acadêmicos de fato atribuem ao sedentarismo, quando as primeiras cidades começam a se esboçar, o surgimento do comportamento bélico. Alguns achados arqueológicos, contudo, colocam em dúvida essa ideia, reforçando uma outra visão: a de que a violência intergrupal é inata.
Uma descoberta relatada na capa da mais recente edição da revista Nature indica que, há 10 mil anos, grupos nômades lutavam entre si, contrariando a ideia de que os caçadores-coletores desconheciam a guerra. A equipe da bióloga evolutiva Marta Mirazón Lahr, pesquisadora do Centro Leverhumlme de Estudos Evolutivos Humanos da Universidade de Cambridge, estudou os restos de 27 indivíduos, incluindo crianças, mortos entre 9,5 mil e 10 mil anos atrás em Nataruk, no Quênia. Os especialistas encontraram, em 12 deles, sinais claros de morte violenta.
O cenário é de uma chacina. Às margens do que, há 100 séculos, era uma lagoa, estavam os esqueletos de homens, mulheres, seis crianças e um adolescente. Eles não foram enterrados ; seus corpos foram simplesmente abandonados no local do crime. Nos adultos, múltiplas lesões provocadas por armas como porretes e flechas apontam para um alto grau de violência. A posição de alguns fósseis, como o de uma mulher no último estágio de gravidez, sugere que eles tiveram as mãos amarradas ao tornozelo. Na cavidade abdominal da vítima, havia os restos mortais de um feto com seis a nove meses de gestação.
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