Ciência e Saúde

Dentes de leite impulsionam pesquisas com células-tronco no Brasil

Brasileiros usam a polpa do dente de crianças para corrigir o lábio leporino e criar neurônios que ajudam no entendimento do autismo

Carolina Braga
postado em 26/01/2016 06:10
Belo Horizonte ; Para pobres mortais que não são da área científica, ouvir as notícias sobre como andam os estudos no Brasil sobre a utilização de células-tronco pode soar como um passeio por um roteiro de ficção científica. Felizmente, não é. A ciência brasileira na área não apenas se diversificou como tem apresentado resultados animadores, já validados pela comunidade no exterior.

Hoje, quando se fala em pesquisas com células-tronco, o sangue do cordão umbilical ; embora bastante divulgado ; deixou de ser o principal foco dos especialistas, que concentram seus estudos, cada vez mais, nos dentes de leite. Tratamentos recentes usando a polpa dos dentes de crianças têm se mostrado eficazes para a reabilitação de lábio leporino e até mesmo a reprogramação celular para a realização de estudos sobre neurônios de pacientes com autismo. Esses são alguns dos projetos em andamento, respectivamente, nos hospitais Sírio-Libanês (HSL) e Albert Einstein, em São Paulo.

A célula-tronco presente na polpa do dente de leite é do tipo mesenquimal, também existente na gordura corporal (tecido adiposo) e na medula óssea. Ela tem capacidade de regeneração de músculo, de pele, de osso, de cartilagem, de fígado e de tecidos nervosos e cardíacos. É mais versátil do que aquelas encontradas no sangue do cordão umbilical, chamadas hematopoiéticas, que podem se transformar somente em células de linhagem sanguínea.

Desde 2005, a cirurgiã-dentista Daniela Bueno, pesquisadora do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, se dedica a pesquisas sobre o uso dessas estruturas. Ela começou no doutorado, sob a orientação da doutora Maria Rita Passos Bueno, e deu continuidade no pós-doutorado. Atualmente, Bueno é pesquisadora do HSL e membro do corpo clínico do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (HMIMJ), onde realiza estudos clínicos em humanos com essas células. Esse projeto tem financiamento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).

A pesquisadora demonstrou que as células-tronco mesenquimais podem ser usadas em tratamentos de malformação congênita, como as fissuras labiopalatais, mais conhecidas como lábio leporino ; quando o paciente tem uma abertura na região do lábio ou do céu da boca, fruto do não fechamento dessa estrutura durante a gestação.

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