Ciência e Saúde

Crença da "vigilância divina" foi decisiva na formação de sociedades

A crença em deuses capazes de observar e punir o mau comportamento humano foi fundamental para a formação de sociedades mais complexas, sugere estudo publicado na revista Nature que contou com a participação de brasileiros

Isabela de Oliveira
postado em 11/02/2016 06:10
A crença em deuses capazes de observar e punir o mau comportamento humano foi fundamental para a formação de sociedades mais complexas, sugere estudo publicado na revista Nature que contou com a participação de brasileiros
A cooperação humana se expandiu dramaticamente, por todo o globo, a partir do advento da agricultura, que foi acompanhada pela formação de sociedades mais complexas. Esse avanço, contudo, desafia explicações sobre o altruísmo a partir de uma perspectiva evolucionista. Afinal, a partir dessa teoria, é fácil compreender a ajuda mútua motivada por parentesco genético. Mas como explicar o aumento do envolvimento colaborativo ; e muitas vezes fugaz ; entre estranhos? Para pesquisadores da Universidade de British Columbia, no Canadá, a resposta pode estar na fé. Em um artigo publicado hoje na revista Nature, eles defendem que a crença em seres sobrenaturais atentos ao comportamento humano e dispostos a punir os malfeitos estimulou a coesão social.

A ideia foi testada com extensas entrevistas etnográficas e dois jogos comportamentais, pelos quais os cientistas mediram a obediência das pessoas às normas. ;Nossos resultados suportam a hipótese de que as crenças em deuses moralistas e punitivos levam as pessoas a se comportarem imparcialmente em relação a correligionários distantes. Portanto, isso pode ter contribuído para a expansão do comportamento pró-social;, diz Benjamin Grant Purzycki, principal autor do trabalho.

Nos experimentos que embasam as conclusões, os cientistas convidaram voluntários para participarem de um jogo em que 30 moedas deviam ser distribuídas em dois copos a partir do lançamento de um dado com duas cores. Um dos copos era destinado para premiar o participante ; ao fim do jogo, as moedas que estivessem ali seriam dele. Já o outro recipiente era destinado a uma pessoa de outra cidade e desconhecida, mas que compartilhava a mesma religião do jogador.

Depois de explicar isso para a pessoa, os cientistas pediam para que o voluntário pensasse em um dos copos e jogasse o dado. A cor que saísse desse primeiro lançamento deveria, então, sempre premiar o copo escolhido mentalmente pelo jogador. Supondo que o dado caísse com o azul voltado para cima e que o participante tivesse pensado no seu próprio copo, a partir daquele instante, toda vez que o resultado fosse azul, ele ganharia uma moeda. O vermelho, por sua vez, premiaria o correligionário desconhecido.

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