Ciência e Saúde

Mulheres com filhos entre 12 e 14 anos têm índices maiores de depressão

Estudo norte-americano mostra que o estresse tem relação com as grandes transformações pelas quais os filhos passam na pré-adolescência

Vilhena Soares
postado em 14/02/2016 08:03

Experiência adquirida: para Marta, lidar com a entrada na adolescência da filha mais velha, Ludmila (de vestido branco), tornou mais simples a relação com os mais novos, Kalebe e Karen

Basta um casal anunciar a gravidez para começar a ouvir uma infinidade de conselhos, que vão dos cuidados básicos com recém-nascidos a dicas de higiene e alimentação infantil. A maior preocupação de amigos e parentes é preparar mãe e pai para o desgaste físico e emocional que cuidar de uma criança costuma gerar, por mais prazerosa que seja essa tarefa. No entanto, a etapa mais difícil para os responsáveis não está nos primeiros anos de vida das crias, aponta um recente estudo feito nos Estados Unidos. Depois de analisar o perfil de mulheres com filhos de diferentes idades, os pesquisadores concluíram que a fase mais desafiadora da educação da prole é o início da puberdade.

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A principal motivação da pesquisa americana era compreender melhor as diferentes fases da maternidade e ajudar as mulheres durante essa experiência. ;Esse trabalho faz parte de um estudo maior sobre os fatores que predizem o bem-estar das mães. Sempre estudamos a mãe sobre a ótica do que ela deveria fazer ou não para os filhos. Nesse caso, abordarmos o que pode ajudá-las nessa tarefa extensa, que dura toda a vida, e é incrivelmente difícil;, justifica ao Correio Suniya Luthar, uma das autoras e pesquisadora da Universidade do Arizona.

Em parceria com Lucia Cicolla, sua colega na universidade, Luthar entrevistou mais de 2.200 mães cujos filhos estavam nas mais variadas fases da vida ; de recém-nascidos a adultos ;, buscando por aspectos que informassem sobre o bem-estar das entrevistadas e suas percepções da maternidade. As respostas possibilitaram organizar as mulheres ouvidas de acordo com os níveis de estresse que demonstravam, e as que mostraram graus maiores de esgotamento e depressão foram as com filhos entre 12 e 14 anos.

Muitos fatores
A dupla de cientistas consegue pensar em algumas explicações para o fenômeno. ;Vários fatores caminham juntos e formam uma tempestade perfeita. Um deles é que as crianças estão lidando com a puberdade e tudo isso implica em hormônios, acne e corpos em mudança. Outro ponto que podemos citar é que os jovens nesse período são atraídos a experimentar coisas novas, como álcool, drogas e sexo;, destaca Luthar.

Outro ponto que pode influenciar o estresse sofrido pelas mães são as mudanças na escola e no convívio social. Nessa fase, os filhos passam a ser mais cobrados, e uma criança tida como má aluna ou isolada socialmente não sofre sozinha. As mães podem ficar muito aflitas com essas situações. ;O desempenho acadêmico nesse período é avaliado de forma muito mais pública do que antes, assim como os talentos extracurriculares. Pré-adolescentes investem muito para se tornarem populares, querendo se encaixar e serem admirados. É muita coisa para lidar simultaneamente;, explica a autora. E, para piorar, os responsáveis devem fazer isso a uma distância maior do que antes: ;Os jovens também se esforçam para se separar de seus pais. O grupo de amigos assume enorme significado.;

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