Ciência e Saúde

Busca por "nono planeta" é iniciada por cientistas franceses

Os pesquisadores franceses tiveram a ideia de acrescentar este nono planeta ainda virtual no modelo INPOP do sistema solar.

Agência France-Presse
postado em 23/02/2016 16:03
Paris, França - Onde poderia estar o nono planeta que pesquisadores americanos acreditam ter descoberto graças a modelos matemáticos? Astrônomos franceses conseguiram definir as direções que devem orientar os telescópios para tentar encontrá-lo.

"Tendo em vista o que sabemos sobre os movimentos dos planetas do sistema solar, nossos trabalhos nos permitem dizer que é possível que esse nono planeta exista, mas não em qualquer lugar", disse à AFP Jacques Laskar, astrônomo do Observatório de Paris, que publica um estudo com Agn;s Fienga, do Observatório da Côte d;Azur (sul da França).

Em 20 de janeiro, Konstantin Batygin e Mike Brown do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltec) criaram a surpresa anunciando que um "nono planeta", muito grande e muito distante, poderia existir em nosso sistema solar. Eles se apoiaram em modelos matemáticos e simulações computacionais.

Dotado de uma massa de cerca de dez vezes a da Terra, este planeta se encontraria numa órbita vinte vezes mais distante do que a de Netuno. Muito lenta, ela levaria entre 10.000 e 20.000 anos para completar sua volta em torno do sol.

Os pesquisadores franceses tiveram a ideia de acrescentar este nono planeta ainda virtual no modelo INPOP do sistema solar.

"Nós supusemos que havia um planeta sobre a órbita proposta pelos americanos e olhamos a influência que ele teria sobre os outros planetas", explica Laskar, cujos trabalhos foram divulgados na revista Astronomy & Astrophysics Letters.

"Graças à sonda Cassini que acompanha Saturno desde 2004, nós sabemos que a distância entre a Terra e Saturno é de cerca de 100 metros há mais de dez anos. Nós observamos como esta distância seria modificada pela existência de um nono planeta", em razão da atração gravitacional entre os corpos celestes, aponta o diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês.

- Trabalho ;dividido por dois; -

As equipes dos dois astrônomos identificaram duas zonas nas quais está excluído que o planeta esteja, pois seus efeitos seriam incompatíveis com os dados da sonda Cassini.

Antes do estudo, a comunidade científica não sabia para onde mirar. "Agora, nós eliminamos metade das direções possíveis", ressalta Laskar. "Nós dividimos o trabalho por dois".

O estudo permite também dizer que "nada impede a existência deste nono planeta em todas as outras direções".

Há um local onde sua presença poderia ser "provável" já que quando este planeta é acrescentado, o modelo se ajusta melhor às observações, afirma Laskar, que continua prudente mesmo diante de tais evidências. "Não coloco minha mão no fogo", disse. Os pesquisadores trabalharam sobre dados da sonda Cassini que vão até 2014.

"Estes resultados poderiam ser melhorados se a Cassini fosse prolongada até 2020", afirma Laskar. "Isso permitiria dividir ainda mais a zona" por onde pesquisar.

Por enquanto, está previsto que a sona Cassini, fabricada pela Nasa em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA), termina sua missão ao mergulhar em Saturno em 2017. Mas um grupo de cientistas espera que a sonda obtenha o financiamento necessário para seu prolongamento.

Se os astrônomos amadores não têm qualquer esperança de encontrar este novo planeta bem distante, muitos pesquisadores estão se mobilizando para encontrá-lo visualmente, disse Francis Rocard, responsável pelos programas de exploração do sistema solar na agência espacial francesa CNES.

"Por conta da baixa luminosidade, só podemos usar grandes telescópios como o VLT no Chile ou o telescópio especial Hubble", escreve no blog do CNES. Mas seria mais eficaz usar instrumentos com um campo de visão maior, como o telescópio Subaru sitiado no Havaí.

"Isso vai levar tempo, talvez cinco anos, pois é preciso comparar as imagens do céu espaçadas de um a vários anos para confirmar que o objeto está na órbita prevista" pelos cientistas americanos, nota Rocard.

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