postado em 16/03/2016 06:00
Pesquisadores da Universidade de Queen Mary, em Londres, descobriram anotações sobre o movimento da Reforma Protestante escondidas na primeira Bíblia publicada na Inglaterra. O livro é de 1535 e foi impresso por ordem do monarca Henrique VIII. Guardada na Biblioteca do Palácio Lambeth, na capital inglesa, a edição consultada é apenas uma das sete cópias que sobreviveram ao tempo. As mensagens secretas foram reveladas durante um estudo liderado pelo historiador Eyal Poleg.
;Nós não sabemos quase nada sobre essa Bíblia única, cujo prefácio foi escrito pelo próprio Henrique VIII. A cópia de Lambeth parecia completamente ;limpa;. Mas, em uma inspeção mais minuciosa, percebi que um papel de gramatura pesada foi colado sobre partes em branco do livro. O desafio era trazer as anotações à luz sem danificá-lo;, conta. Para tanto, ele procurou a ajuda de Graham Davis, especialista em imagens tridimensionais por raios X. Usando a tecnologia, foi possível visualizar o conteúdo do texto impresso e das anotações, em separado.
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[SAIBAMAIS]Os parágrafos ocultos foram copiados da famosa Grande Bíblia de Thomas Cromwell, considerada o epítome da Reforma protestante. Escritas entre 1539 e 1549, as anotações foram cobertas por um papel bem fino em 1600 e permaneceram escondidas até agora. Segundo Poleg, a presença delas no livro suporta a ideia de que a Reforma foi um processo gradativo, em vez de um evento único e transformador.
;Até recentemente, era amplamente assumido que a Reforma causou uma cisão completa, um momento ;Rubicão;, quando as pessoas pararam de ser católicas e aceitaram o protestantismo, rejeitando santos e substituindo o latim pelo inglês;, observa o historiador. ;Essa Bíblia é uma testemunha única de um tempo em que o latim conservador e o inglês reformista estavam sendo usados juntos, mostrando que a Reforma foi um processo bastante lento, completo e gradual.;
As anotações reformistas, em inglês, foram escritas durante os mais tumultuosos anos do reinado de Henrique VIII. O período incluiu a separação da Igreja de Roma, o Ato de Supremacia, a supressão dos monastérios e as execuções de Ana Bolena, Thomas More e John Fisher, assim como a Peregrinação da Graça, revolta popular de ingleses que eram contra a ruptura com o catolicismo.
;Essa Bíblia é uma testemunha única de um tempo em que o latim conservador e o inglês reformista estavam sendo usados juntos, mostrando que a Reforma foi um processo lento, completo e gradual;
Eyal Poleg, historiador