Ciência e Saúde

Fundação elabora recomendações para aumentar vacinação de adultos e idosos

Segundo especialistas, a cobertura brasileira é referência, mas o público-alvo precisa ser mais bem informado sobre as opções disponíveis

Isabela de Oliveira
postado em 27/03/2016 08:00


Nem as mães nem os pediatras abrem mão: a rotina de vacinas do bebê começa pontualmente no primeiro mês após o nascimento. Gotinhas e injeções garantem que, para a maioria das crianças, doenças como varíola e poliomielite fiquem no passado. O tempo avança, o pediatra é dispensado, os cuidados maternos deixam de ser tão necessários, despontam os fios brancos e o geriatra se encarrega da qualidade dos anos restantes. Nessa etapa da vida, porém, a imunização costuma ser negligenciada. O que é um erro enorme, alertam especialistas. Afinal, doenças infecciosas estão entre as principais causas de morbidade (incidência de doenças) e mortalidade na América Latina.

Em resposta ao problema, a Fundação Saúde das Américas (FSA) elaborou recomendações para melhorar a cobertura vacinal na área. Entre as medidas, está a inclusão, no mínimo, da imunização para sarampo, influenza, pneumococo, tétano, difteria e coqueluche. Governos e cidadãos devem se empenhar em oferecer e exigir vacinação gratuita aos grupos de alto risco, como gestantes, imunocomprometidos e trabalhadores idosos, além de profissionais de saúde, defende a fundação. Se disponibilizá-las gratuitamente for impossível, deve-se providenciar, pelo menos, informação acessível. Inclusive para analfabetos.

Nesse contexto de proteção dificultada, o Brasil é exceção, avalia João Bastos Freire Neto, geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Principalmente pela existência do Sistema Único de Saúde (SUS) e de um calendário vacinal. ;Temos, inclusive, um plano de vacinação específico para o idoso, que pode ser imunizado contra influenza, entre outras infecções gratuitamente. Essa vacina, assim como a de pneumonia, é acessível a toda população-alvo;, conta o médico. ;Na realidade, o cenário brasileiro, pelo menos no que diz respeito à imunização, é um dos melhores do mundo. Ele data do governo militar e, desde então, tem sido aprimorado. Nem mesmo os Estados Unidos possuem a cobertura vacinal que temos aqui;, completa Luiz Vicente Rizzo, membro e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI).

Falha médica

O geriatra exerce papel fundamental na cobertura vacinal dos cidadãos. E, no caso do Brasil, esse quesito é ao menos falho, avalia Bastos. ;Superamos muitos dos problemas, mas considero como ponto crítico a falta de informação sobre a necessidade de vacinar adultos e idosos, e não somente crianças. Essa consciência não foi semeada com firmeza;, justifica. Não é apenas a população que desconhece a importância da imunização dos mais velhos, mas também os profissionais de saúde, que evitam prescrever a vacina temendo uma interação negativa com comorbidades e medicamentos utilizados por idosos, diz o geriatra.

A realidade, porém, é bem diferente. Os meses de pico de mortalidade por doenças respiratória e cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes em adultos com 70 anos ou mais coincidem com as epidemias de gripe anuais. Pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças em Atlanta (EUA) avaliaram a influência da vacinação em 286.383 adultos.

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