postado em 05/04/2016 06:45
A população do maior primata da Terra, o gorila-do-oriente, encontrado apenas na República Democrática do Congo (RDC), declinou calamitosamente nos últimos 20 anos, aponta um relatório elaborado a partir de um estudo conduzido pelo Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos. De estimados 17 mil indivíduos em 1998, esses animais foram reduzidos a 3.800, uma queda de 77%. As principais causas dessa tragédia ambiental, dizem os cientistas, são a caça ilegal e o conflito armado que atinge a nação africana e espalhou minas pelo hábitat dos gorilas.[SAIBAMAIS];A crise na população de gorilas é consequência da tragédia humana que se desenrola no leste da RDC;, afirma em um comunicado Jefferson Hall, cientista que participou da pesquisa de campo. ;Facções armadas aterrorizam pessoas inocentes e dividem os espólios da guerra sem se preocupar com as vítimas ou o meio ambiente;, completa. A guerra na nação africana é resultado do genocídio de Ruanda, que levou milhares de refugiados ao país vizinho, dando início a um novo conflito, estimulado pelo interesse em ricas jazidas de diamante existentes ali.
O gorila-do-oriente (Gorilla beringei graueri) só existe nas florestas do leste da RDC. Ele é um parente próximo do gorila-da-montanha (G. beringei beringei), mas apresenta um porte maior. Os machos chegam a pesar 180kg. Para realizar o censo da espécie, a equipe de pesquisadores contou com dados coletados também pelas comunidades locais e guardas-florestais.
Com a queda observada, os especialistas sugerem que a classificação do gorila-do-oriente na Lista vermelha, da União para Conservação da Natureza, passe de ;ameaçado; para ;criticamente ameaçado;. Para evitar a extinção da espécie, os estudiosos dizem ser necessário um grande esforço, que inclui o desarmamento de milícias e a remoção de minas. ;A promoção da dignidade humana está ligada à dignidade e à sobrevivência dos gorilas;, diz o líder do estudo, Andrew Plumptre.