A planta huang-quin (Scutellaria baicalensis) é usada há mais de 2 mil anos na medicina tradicional chinesa para tratar febres e problemas no pulmão e no fígado. Já se sabia que a eficácia dessa erva está em sua composição, mais especificamente em uma substância chamada flavona, capaz de induzir a morte de micro-organismos prejudiciais ao corpo e até mesmo células cancerígenas.
Pesquisadores, no entanto, lutavam para entender como a espécie produz essa molécula com efeitos curativos, feito alcançado agora em um estudo publicado na revista Science Advances. De acordo com os autores, uma análise genômica revelou o mecanismo por trás da produção, o que deve permitir fabricar a flavona da huang-quin em larga escala e criar drogas contra tumores e doenças reumáticas.
Há vários tipos de flavonas, que são compostos incolores presentes também em vegetais como o aipo e a salsa. A principal função dessas moléculas é proteger as plantas da radiação ultravioleta. A variedade encontrada na huang-quin, contudo, tem propriedades especais. ;As flavonas especializadas que se acumulam nas raízes de espécies Scutellaria (família do hortelã) são particularmente ativas no combate a doenças hepáticas e câncer pulmonar;, explica ao Correio Cathie Martin, uma das autoras do estudo e especialista do Instituto de Pesquisa Científica John Innes Centre, no Reino Unido.
De acordo com a cientista, outra vantagem da planta é a produção de uma grande quantidade de flavonas, quando comparada a espécies semelhantes. ;A capacidade de acumulação de elevados níveis pode ter sido uma consequência da evolução de uma via de biossíntese especializada na planta, mas evidências bioquímicas e genéticas específicas para esse processo ainda não existem;, destaca Martin.
Foram essas características que levaram o grupo de estudo a decifrar o genoma da huang-quin. Como resultado, chegou-se a uma via de sintetização, ou seja, o caminho feito pela planta para que ela produza a substância. ;Compreender quais genes codificam as enzimas que produzem as flavonas vai possibilitar que elas sejam sintetizadas em quantidades maiores. Uma produção em larga escala deve permitir uma utilização mais ampla desse bioativo em medicamentos que trabalhem sozinhos ou que sejam usados em tratamento complementares, combinados a remédios tradicionais;, detalha a autora.
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