Ciência e Saúde

Achados arqueológicos indicam maior complexidade social do homem primitivo

Formações circulares construídas com estalagmites em caverna da França há 176 mil anos revelam que a extinta espécie humana tinha um nível de organização social muito mais complexo do que se acreditava, mostra estudo publicado na revista Nature

postado em 26/05/2016 08:10
Pesquisador observa os anéis de Bruniquel: cerca de 400 pedras dispostas propositadamente a 336m da entrada da caverna

Nos últimos 10 anos, importantes achados em sítios arqueológicos habitados pelos neandertais têm reabilitado a imagem dos neandertais, espécie humana que viveu na Eurásia entre 300 mil e 40 mil anos atrás, quando foi extinta. Desde que os primeiros fósseis foram encontrados, no fim do século 19, na Alemanha, criou-se o mito de um homem primitivo, que não tinha linguagem nem cultura próprias. Contudo, a descoberta de artefatos funcionais e ornamentais próximos às áreas que os abrigavam sugerem que, na realidade, esse primo próximo do Homo sapiens era muito mais sofisticado do que se imaginava.

Agora, uma nova evidência do comportamento complexo do neandertal foi identificada por pesquisadores franco-belgas e descrita na edição desta semana da revista Nature. Depois de estudar estruturas de estalagmites descobertas em 1992 na Caverna de Bruniquel, no sudeste da França, eles concluíram que, ao menos dois dos conjuntos de peças não se formaram naturalmente, mas foram engenhosamente construídas por neandertais que moravam no local há 176 mil anos, época em que se esculpiram os objetos, segundo apontaram os métodos de datação.

Quando essas formações foram encontradas, no início da década de 1990, houve pouca exploração científica. São estruturas compostas por cerca de 400 pedras, localizadas a 336m da entrada da caverna. Duas delas têm formato circular, medindo 2m x 2m e 6,7m x 4,5m, respectivamente. O arqueólogo François Rouzaud, à frente da equipe de investigadores, morreu precocemente, o que, aliado à dificuldade de acesso à caverna, contribuiu para que os anéis de Bruniquel acabassem esquecidos. Até que, em 2013, Jacques Jaubert, da Universidade de Bordeaux, decidiu dar prosseguimento ao estudo das estruturas de estalagmite. ;Foi quando começamos a datar e a estudar essas construções enigmáticas. Nosso estudo definiu duas categorias: as duas anulares, que são as mais impressionantes, e quatro menores;, escreve Jaubert no artigo.

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