Ciência e Saúde

Tratamento para a dor crônica deve envolver profissionais de diversas áreas

Há também a necessidade de combinar medicamentos com abordagens alternativas, como exercícios físicos, relaxamento e acupuntura. Especialistas também reforçam a necessidade do apoio psicológico

Carolina Cotta
postado em 22/06/2016 09:21
Há também a necessidade de combinar medicamentos com abordagens alternativas, como exercícios físicos, relaxamento e acupuntura. Especialistas também reforçam a necessidade do apoio psicológicoBelo Horizonte ; A dor é daqueles desconfortos que parecem valer qualquer esforço. Dos métodos mais tradicionais, passando pelas abordagens complementares e mesmo recorrendo a crenças populares, há quem ;faça qualquer negócio; para se livrar do sofrimento. Melhor não recorrer a práticas perigosas, como automedicação e abuso de analgésicos, avisam especialistas. Nesse sentido, a intervenção multidisciplinar tem surgido como uma solução com bons resultados por combinar medicamentos com atividades físicas, fisioterapia, psicologia e acupuntura.

Quase sempre os pacientes crônicos têm também dores musculares, o que exige fisioterapia. Além disso, é preciso cuidar que o sono seja reparador, já que aqueles que não descansam entram em fadiga crônica, potencializando a dor. Entre as medidas complementares, destacam-se a acupuntura, a hipnose e o autorrelaxamento. A fisiatra Lin Tchia Yeng, coordenadora do Ambulatório de Dor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), indica práticas que precisam ser adotadas anteriormente: atividade física e cuidado com a alimentação. Em alguns casos, o controle do peso é imprescindível, como em pessoas que sofrem de artrose no joelho.

Izabella Gazzinelli Veloso, 34 anos, sente dores de cabeça desde a infância. ;Com a sensação de ter herdado aquilo da minha mãe, tinha o hábito de me automedicar. Demorei muito para buscar ajuda;, conta. Isso só ocorreu quando, por conta de uma crise extrema, se viu deitada no chão da sala em que trabalhava, cercada pelos olhares dos colegas. ;Estava com 28 anos, vivia uma rotina de trabalho estressante, não me alimentava nem dormia direito. Analgésicos faziam parte da minha vida diariamente. Sentia dor para tudo: sorrir, abaixar, pular, carregar algo pesado;, lembra. A jornalista procurou uma neurologista e abandonou os medicamentos para enfrentar a enxaqueca. ;Não foi fácil porque sentia a abstinência e as dores. Estava no estágio mais avançado de dor que um paciente pode chegar e, com o tempo, fui me tornando mais tolerante.;



Quando Izabella pensou ter resolvido o problema da automedicação, descobriu uma nova fonte de dor: a fibromialgia. ;A síndrome chegou de maneira inesperada. No início de 2015, comecei a sentir fortes dores pelo corpo e não era um desconforto qualquer. Às vezes, não conseguia levantar da cama, como se meus ossos estivessem quebrados. Passei por uma fila de médicos, fiz vários exames e tomei inúmeros remédios. Eram dias de desespero, outros de calmaria;, recorda-se. Mas o novo problema ensinou Izabella a enfrentar as dores com persistência e a se beneficiar dos tratamentos complementares. ;Pratico pilates para que a fibromialgia passe a ser invisível. Ele também ajuda na enxaqueca. Mesmo com dores, vou às aulas para fazer relaxamento, respirar melhor. O trabalho de consciência corporal é fundamental;, acredita.

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