postado em 28/06/2016 07:30
A safra de grãos do Nordeste alcançou, no ano passado, 18,6 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a primeira vez, desde o século 19, que a produção na região, com cerca de 18,3 milhões de toneladas, superou a do Sudeste. E um dos fatores que contribuíram para esse crescimento foi o desenvolvimento do Matopiba, região que atravessa os estados de Piauí, Bahia, Maranhão e Tocantins.
[SAIBAMAIS]Geralmente, notícias assim têm o poder de alegrar economistas e preocupar ambientalistas. O Matopiba é basicamente uma região de cerrado, e a expansão do agronegócio nesse bioma costuma ser acompanhada de grande degradação ambiental. Um estudo sobre a situação da área, contudo, mostra que, nesse caso, mais grãos não significaram menos árvores, pois o que aconteceu ali foi a transformação de pastagens em plantações, sem grande prejuízo para as áreas naturais.
Com isso, só de 2014 para 2015, a produção de grãos cresceu 20%. ;Esse aumento espetacular se deveu à combinação de três fatores: ganhos em produtividade, aumento de área plantada e colhida e ampliação da safrinha, o que trouxe duas colheitas de grãos por ano;, diz Evaristo de Miranda, doutor em ecologia e chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, autor de recente levantamento sobre a área.
O Matopiba é considerado uma das mais antigas regiões de ocupação humana do Brasil. A exploração começou no século 17, mas se intensificou com a criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, ajudando no desenvolvimento agroindustrial de São Luiz, no século 19. ;Boa parte dos babaçuais resulta desse processo. Ele prosseguiu no século 20 com cidades, estradas, infraestruturas logísticas, atividades energético-mineradoras, barragens etc. E ganhou impulso com a construção da Belém;Brasília, da Transamazônica e da ferrovia Carajás;São Luiz;, explica Miranda.
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