Ciência e Saúde

Cientistas do Brasil e dos EUA conseguem avanço na vacina contra o zika

Pela primeira vez, pesquisadores atingem 100% de proteção em macacos imunizados com duas substâncias criadas a partir do vírus. Os resultados deixam pesquisadores mais perto de uma fórmula que seja eficaz em humanos

Vilhena Soares
postado em 29/06/2016 06:05

Mosquito transmissor do zika: fórmulas têm partes inativas do vírus que, no corpo da pessoa infectada pelo inseto, provocam a ação de anticorpos

A disseminação dos casos de zika tem motivado pesquisadores a buscar formas de acabar, ou manter sob controle, a doença. E uma das maiores esperanças dos especialistas é a criação de uma vacina. Essa alternativa pode estar mais próxima depois dos resultados apresentados por um grupo de estudiosos do Brasil e dos Estados Unidos na edição desta semana da revista britânica Nature. A equipe desenvolveu duas substâncias que foram testadas com sucesso em ratos. Segundo Dan Barouch, da Universidade de Harvard e líder do estudo, trata-se da primeira demonstração de uma proteção contra o zika vírus obtida com uma vacina em um animal.

[SAIBAMAIS]Para a equipe ; que conta com cientistas da Universidade de São Paulo (USP) ;, os resultados significam um grande potencial de uso futuro das fórmulas na proteção de humanos. ;Desperta esperanças de que uma vacina segura e eficaz é possível;, indicaram, em relatório divulgado. Foram criados dois tipos de vacina com base no vírus. ;Uma delas tem um plasmídeo, um pedaço do genoma vírus, que contém duas proteínas que agem de forma distinta ao entrar em contato com o sistema imune. A segunda possui todo o vírus silenciado;, explicou ao Correio Jean Pierre Peron, um dos autores do estudo e professor do Departamento de Imunologia da USP.

Os investigadores usaram as duas fórmulas em três linhagens de ratos. Quatro semanas após a infecção, os roedores foram expostos a duas estirpes do zika, uma brasileira e outra de Porto Rico. Todos os animais vacinados mostraram proteção total aos patógenos, o que se repetiu quando eles foram postos em contato com o vírus novamente oito semanas depois. ;O resultado positivo diante das duas linhagens de zika é muito interessante. Também temos visto que as variações entre as cepas não são muito grandes, mais um detalhe que contribui para a maior eficácia das vacinas. Outro ponto importante é que cada linhagem desses animais tem um perfil de resposta imune diferente, assim como os humanos, o que nos dá mais esperança de que elas venham a funcionar em testes futuros;, detalhou Peron.

Nos experimentos, os cientistas também perceberam que as reações do sistema imune dos ratos vacinados eram semelhantes ao efeito gerado por outras imunizações utilizadas em humanos. ;Mostramos que a proteção era o resultado de anticorpos induzidos pela vacina em níveis que são semelhantes aos de outras vacinas de flavivírus para humanos e bem-sucedidas. Isso nos oferece um otimismo substancial: quer dizer que temos um caminho livre para o desenvolvimento de uma fórmula segura e eficaz;, destacou Barouch.

Para Alberto Chebabo, infectologista do Laboratório Exame, em Brasília, e chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa traz dados positivos ao usar uma estratégia já utilizada na criação de outras formas de imunização. ;Assim como no caso do sarampo e da rubéola, você usa o vírus como base para a fórmula. Isso porque, desativado e modificado, ele pode mostrar um efeito protetor;, explicou.

A matéria completa está disponívelaqui, para assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação