Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Análise de dentes mostra que escravos no Brasil tinham múltiplas origens

Foram analisadas as arcadas dentárias recuperados em cemitérios do Rio de Janeiro e de Salvador



O grupo analisou os dentes fossilizados de 41 indivíduos, nos quais mediu os valores de isótopos de estrôncio, elementos naturalmente incorporados aos ossos e dentes ao longo da vida, a partir do consumo de água e alimento. Após serem cruzadas com as assinaturas de estrôncio presentes na geologia do continente africano, os pesquisadores descobriram que os negros sepultados em ambos os cemitérios tinham origem muito diferente, especialmente em Pretos Velhos, que apresentou uma pluralidade de origens muito maior que a encontrada em outros cemitérios de escravos, como o New York African Burial Ground, sítio arqueológico em Nova York, nos Estados Unidos.

;Isso significa que esses indivíduos pertenciam a diferentes regiões da África, ou seja, não eram de comunidades fechadas, mas de tribos diversas que eram misturadas durante a captura;, explica Roberto Ventura Santos, pesquisador-sênior do estudo e professor da Universidade de Brasília (UnB), onde parte do trabalho foi executada. Os níveis isotópicos remontam a regiões da África oriental e central.

Mapeamento


Algumas taxas mais elevadas de isótopos de estrôncio apontam para regiões com rochas arcaicas (4 bilhões a 2,5 bilhões de anos atrás) que ocorrem esparsamente em Angola, Congo e Moçambique. Em contraste, os dentes com níveis menores do elemento pertenceram, possivelmente, a pessoas que habitavam áreas vulcânicas mais recentes e que caracterizam a paisagem de Camarões, algumas regiões de Moçambique e pequenos segmentos de Nigéria, Congo e Angola. Para Quintans, a diversidade de origens ilustra a imensa dimensão do tráfico de escravos para o Rio de Janeiro, local que mais recebeu cativos para comércio em toda a América.

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