Agência France-Presse
postado em 19/07/2016 09:42
Paris, França - Dois milhões e meio de de pessoas são infectadas todos os anos no mundo com o vírus da aids (HIV), embora os tratamentos tenham reduzido a mortalidade provocada pela doença, adverte um estudo publicado nesta terça-feira (19/7). A quantidade anual de novas infecções permaneceu relativamente constante neste nível preocupante de 2,5 milhões anuais na última década, segundo o relatório publicado pela The Lancet que compila dados de 195 países entre 1980 e 2015.Seus resultados são anunciados em paralelo à conferência internacional sobre aids organizada na cidade sul-africana de Durban e destinada a avaliar os avanços contra uma epidemia que já matou 30 milhões de pessoas desde os anos 1980. "Lança uma imagem inquietante da lentidão dos avanços na redução das novas infecções por HIV", advertiu Haidong Wang, da Universidade de Washington (Seattle, noroeste dos Estados Unidos), principal autor do estudo.
A situação pode se agravar devido ao estancamento do financiamento dos programas contra o HIV/aids. "Será necessário, portanto, um aumento em massa dos esforços dos governos e dos organismos internacionais para alcançar os 36 bilhões de dólares necessários todos os anos para atingir o objetivo de colocar fim à Aids até 2030", destaca Christopher Murray, da mesma instituição. Segundo o relatório, 38,8 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2015, um número que aumenta regularmente desde 2000, quando totalizavam 28 milhões.
Argentina entre os melhores
As mortes provocadas pela aids caíram de um pico de 1,8 milhão em 2005 a 1,2 milhão em 2015, especialmente graças à intensificação dos tratamentos antirretrovirais (ARV) e à prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho. A quantidade anual de novas infecções permaneceu relativamente constante em um nível de 2,5 milhões por ano no mundo nos dez últimos anos, após um período de rápido declínio a partir de um pico de 3,3 milhões de novos infectados em 1997.
[SAIBAMAIS]A utilização de tratamentos antirretrovirais (ARV) avançou rapidamente de 6,4% em 2005 a 38,6% em 2015 para os homens infectados, e de 3,3% a 42,4% para as mulheres no mesmo período. Apesar dos avanços, a maioria dos países estão longe de alcançar o objetivo fixado pela Unaids até 2020, que consiste em tratar 90% dos pacientes infectados.
Em 2015, 41% dos soropositivos recebem um tratamento ARV, segundo o estudo. Esta cobertura terapêutica é muito variável entre diferentes regiões e países. É necessária uma intensificação dos tratamentos, em particular no Oriente Médio, África do Norte e Europa do Leste, assim como em alguns países da América Latina.
Alcançar o objetivo da Unaids até 2020 implica tratar com ARV 81% das pessoas infectadas. Suécia (74%), Estados Unidos, Holanda e Argentina (os três a um nível aproximado de 70%) estão perto de atingir esta meta. A América Central e o Caribe ou países como Venezuela (35%) e Bolívia (24%) figuram, por sua vez, entre os mais atrasados. Mas chegar a 81% de cobertura terapêutica ART significa tratar 3,1 milhões de soropositivos adicionais por ano entre 2015 e 2020, destacam os autores.
Em 2015, 1,8 milhão de novas infecções, ou seja, três quartos delas, ocorreram na África subsaariana, seguidas por 212.500 no sul da Ásia. Entre 2005 e 2015, a taxa de novas infecções por HIV aumentou em 74 países, especialmente Indonésia, Filipinas, África do Norte e Oriente Médio, assim como em alguns países da Europa Ocidental, como Espanha e Grécia. "Ainda existem grandes incertezas sobre as estimativas da quantidade de novas infecções por HIV em muitas regiões do mundo", afirmam duas pesquisadoras francesas, Virginie Supervie e Dominique Costaglia.