postado em 24/07/2016 07:50
Durante um almoço entre familiares e amigos, a cena mais comum é a de pessoas conversando entre uma garfada e outra. O bate-papo animado só é possível porque ninguém ali precisa dedicar muita atenção a ações como espetar um pedaço de carne com uma das mãos, usar a outra para cortar o alimento e levar o garfo com precisão até a boca, que se abre no exato momento em que a comida chega. Essa sucessão de gestos já se tornou um hábito, uma memória registrada no cérebro de todas as fases necessárias, como acontece em uma série de outras ações, como beber água, dirigir ou tomar banho.
O oposto das ações habituais são as tomadas de decisão conscientes, aquelas que exigem concentração. Vários comportamentos começam conscientes ; como um novo passo de dança que se aprende ; e acabaram automatizados, mas, na maior parte das vezes, o cérebro está se dedicando a uma delas. O que não se sabia até agora é que as redes neuronais responsáveis por um dos dois tipos travam constantemente uma verdadeira batalha para assumir o controle, algo identificado em um estudo publicado recentemente na revista Neuron.
Feita em ratos, a pesquisa contou com especialistas do Centro Champalimaud para o Desconhecido, em Portugal; da Universidade da Califórnia em San Diego; e dos Institutos Nacionais da Saúde, os dois últimos nos Estados Unidos. Segundo os autores, o campo de luta neuronal é o córtex orbitofrontal, anteriormente identificado como uma área de tomada de decisão.
Além disso, os hábitos contam com uma poderosa arma secreta: os neurotransmissores endocanabinoides, sempre prontos para entrar em ação e fazer com que o comportamento repetitivo vença. Sabe quando você sai de casa disposto a fazer um novo caminho para o trabalho com o intuito de evitar uma rua em obras, mas, quando se dá conta, já fez o retorno de sempre e está dirigindo justamente para a via que pretendia evitar? Pois foram os endocanabinoides atuando em favor do hábito.
Bloqueio
Para chegar a essa descoberta, os cientistas seguiram pistas dadas por estudos que haviam apontado o poder desse neurotransmissor de reduzir a atividade cerebral. Assim, eles imaginaram que a ação da substância no córtex orbitofrontal poderia reduzir a habilidade de agir para atingir uma nova meta.
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