postado em 09/08/2016 10:15
Barcelona e Belo Horizonte ; Lutar contra tumores malignos é predestinação para quase 600 mil pessoas no Brasil neste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Esses pacientes não só têm que vencer o estigma da doença que invade vorazmente tecidos e órgãos, como travar uma batalha em busca do tratamento mais eficiente e de melhor resposta. O problema é que, para alguns, como os diagnosticados com cancro no fígado, há situações em que as terapias se esgotam e os remédios deixam de responder. Um trabalho apresentado no 18; Congresso Mundial sobre o Câncer Gastrointestinal, na Espanha, pode trazer alívio aos que vivem o terrível impasse.
Cientistas apresentaram os resultados da fase 3 do estudo Resorce, que investiga os efeitos do composto regorafenibe em pacientes com carcinoma hepatocelular irressecável, aquele cujos tumores não podem ser completamente removidos e evoluíram durante o tratamento com comprimidos de sorafenibe, considerada a droga-alvo para esse tipo de câncer no fígado. A substância mostrou resposta positiva no aumento da sobrevida dos participantes do teste.
O ensaio clínico envolveu 573 pessoas de 21 países ; no Brasil, ocorreu em Salvador. Dos voluntários, 379 receberam o composto e 194, placebo. A fórmula reduziu em 38% o risco de morte sobre o período experimental, em torno de três meses. Enquanto a sobrevida média observada com pacientes que usaram placebo foi de 7,8 meses, aqueles que receberam regorafenibe tiveram sobrevida de 10,6 meses.
;Na prática, isso significa que o paciente, mesmo após o diagnóstico severo que pode levá-lo à morte entre seis e oito meses, tem a chance de viver quase dois anos, e com melhor qualidade de vida, quando segue as duas linhas de tratamento;, explica o coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor clínico da Clínica Personal, em Belo Horizonte, André Márcio Murad.
Oncologista clínico do Inca, Cristiano Guedes Duque reforça a importância do aumento da sobrevida em pacientes com câncer em estágio terminal. ;Três meses podem fazer muita diferença para essas pessoas. Só de saber que vai haver um tratamento para combater o tumor, ainda que paliativo, dá um conforto. Pode parecer pouco, mas é muito positivo;, avalia. O médico lembra que, apesar do aumento da qualidade de vida nessa fase severa da doença, a pessoa apresenta efeitos colaterais com a administração do medicamento. Entre eles, fadiga, diarreia, aftas e a síndrome mão/pé, conhecida pela descamação da pele nesses membros.
*A repórter viajou a convite da Bayer
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