Ciência e Saúde

Estudo americano aponta que discursos políticos emocionais funcionam melhor

Em momentos de estabilidade, eleitores demonstram preferência por candidatos comedidos e de fala mais sóbria

Vilhena Soares
postado em 04/09/2016 08:00
Em momentos de estabilidade, eleitores demonstram preferência por candidatos comedidos e de fala mais sóbria
;A política é a arte de captar, em proveito próprio, a paixão dos outros.; Ao descrever de forma bastante crítica a atuação dos políticos, o escritor francês Henry de Montherlant destacou um aspecto muito valorizado nas personalidades públicas: a capacidade de emocionar as pessoas. Palavras ditas com fervor, gestos largos e voz embargada são recursos muito comuns nos discursos de candidatos, que buscam, dessa forma, sensibilizar e convencer os eleitores.

Essa, no entanto, é mesmo a melhor estratégia para um político? Um estudo realizado por especialistas dos Estados Unidos sugere que nem sempre. Segundo os especialistas, a tática funciona muito bem em momentos de crise, especialmente econômica, quando a população se mostra fragilizada e amedrontada. Em épocas em que a situação está mais estável, porém, esse tipo de discurso não surge tanto efeito, com os eleitores preferindo candidatos que se mostrem mais equilibrados e sóbrios.



Principal autor da pesquisa, o pesquisador da Universidade Estadual de Ohio David Clementson conta ao Correio que sentiu vontade de investigar o tema ao trabalhar em campanhas políticas norte-americanas. ;Quando um político deve usar de alta intensidade na retórica e quando deve utilizar a baixa intensidade? Eu queria explorar como as variações de linguagem impactam a credibilidade, a confiabilidade e as percepções de um candidato presidencial ; e se isso depende do fato de os eleitores sentirem que estão em um bom momento econômico ou não;, diz.

Duas opções


No trabalho, publicado na edição mais recente da revista especializada Presidential Studies Quarterly, Clementson analisa dados colhidos durante a eleição de 2012, na qual o presidente Barack Obama conquistou a reeleição. O analista e seus colaboradores contaram com a participação de 304 universitários, que, após lerem o discurso de dois candidatos, deveriam apontar qual deles parecia ser mais ;presidenciável; e ;mais digno de confiança;.

Os voluntários, porém, foram divididos em dois grupos. Para o primeiro, foi dito que os discursos haviam sido escritos para um momento em que a economia do país estava forte, a ponto de metade dos empréstimos para bancar a faculdade poderem ser perdoados e uma alta taxa de empregabilidade para jovens recém-formados. A outra parte dos participantes ouviu uma descrição oposta. Para esses, foi dito que a economia estava em recessão, o desemprego estava alto e as dívidas de universitários precisariam ser cobradas em um curto prazo.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação