Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Cientistas conseguem gerar mamífero sem interação de óvulo e espermatozóide

Pesquisadores fazem com que ratos nasçam sem que um óvulo seja fertilizado por um espermatozoide, algo que parecia impossível entre mamíferos. A façanha pode, no futuro, revolucionar o tratamento da infertilidade e até permitir que dois homens gerem uma vida


Um grupo de cientistas acaba de desafiar uma crença da biologia de quase dois séculos: a de que mamíferos só podem nascer a partir de um óvulo fertilizado por um espermatozoide. Segundo um artigo publicado ontem na revista Nature Communications, ratos foram gerados sem a interação direta das células reprodutivas feminina e masculina. A façanha, além de trazer importantes novidades sobre a reprodução humana, abre a possibilidade de, no futuro, casais homossexuais, mulheres mais velhas ou casais inférteis terem filhos com o DNA de ambos os pais.

A fertilização inicia uma variedade de processos que transformam um óvulo e um espermatozoide em um embrião. Nela, ocorrem diversas mudanças de cromossomo e de DNA (fenômeno conhecido como reprogramação) que fazem com que o espermatozoide amadureça e dê origem a todos os tipos de célula do organismo. Até agora, a crença geral era que essa reprogramação só poderia acontecer dentro de um óvulo.

O novo estudo conseguiu contestar essa ideia com uma avançada técnica de genética. Os autores, liderados por Anthony Perry, da Universidade de Bath, no Reino Unido, partiram de embriões de ratos tão novos que ainda não tinham passado nem pela primeira divisão, que os transformaria em duas células. Esses embriões unicelulares foram quimicamente tratados para que contivessem apenas um conjunto de cromossomos, em vez do par normalmente criado pela fusão do espermatozoide e do óvulo.

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