Ciência e Saúde

OMS estima que 92% da população mundial vivem em áreas muito poluídas

O problema se concentra principalmente na África e na Ásia. No Brasil, Mato Grosso é o estado que mais preocupa

postado em 28/09/2016 06:00

Crianças chinesas tentam se proteger da poluição: má qualidade do ar está relacionada a males como câncer de pulmão e doenças cardíacas

Ela não é visível, mas seus efeitos estão claros. Responsável por uma a cada nove mortes no mundo, a poluição causa 36% das mortes por câncer de pulmão, 34% dos óbitos por derrame e está por trás de 27% dos ataques cardíacos fatais. E praticamente ninguém está livre dela. Um novo modelo de monitoramento da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que 92% da população do planeta vivem em lugares onde a qualidade do ar não cumpre os requisitos estabelecidos pelo órgão das Nações Unidas.

A tecnologia que revelou o dado, divulgado ontem, utiliza dados colhidos por meio de satélites, sensores de monitoramento terrestres e estimativas de movimentação do ar. Desenvolvido pela OMS em colaboração com a Universidade de Bath, no Reino Unido, o modelo fornece informações sobre 3 mil localidades ao redor do mundo, tanto em áreas rurais quanto urbanas, apresentadas em um mapa interativo, disponível no site maps.who.int/airpollution/. ;O novo modelo mostra os países que abrigam os pontos mais perigosos e fornece a base para que os resultados de combate à poluição sejam acompanhados;, afirma, em um comunicado, Flavia Bustreo, diretora-geral adjunta da OMS.

No mapa, é possível ver que as áreas em que o volume de partículas finas em suspensão é maior que os recomendados 25 microgramas por centímetro cúbico se concentram no centro e no norte da África, no Oriente Médio e no sul e no sudeste da Ásia, incluindo os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, o que contribui fortemente para que a taxa de pessoas sujeitas ao ar de má qualidade alcance os 92%.

O Brasil tem, de maneira geral, um ar de qualidade razoável. A maior parte do país apresenta um volume de partículas finas entre 11 e 25 microgramas/cm;, ou seja, dentro de limites aceitáveis. Esse é o caso de Brasília. Grande parte do litoral do Nordeste se mostra com níveis muito bons, abaixo de 10 microgramas/cm;. Algumas cidades, como São Paulo, e boa parte de Mato Grosso, contudo, ficam entre 26 e 35 microgramas/cm;.

Vulneráveis
A cada ano, 6 milhões de mortes podem ser relacionadas à exposição ao ar contaminado em ambientes externos ou internos. Desses óbitos, quase 90% acontecem em países de baixa ou média renda, sendo cerca de 2/3 no sudeste asiático e regiões do oeste do Pacífico.

Além de ligadas doenças cardiovasculares e câncer de pulmão, o problema tão favorece as infecções respiratórias. ;A poluição do ar cobra um preço alto sobre a saúde das populações mais vulneráveis, especialmente mulheres, crianças e idosos;, acrescenta Bustreo. Para as pessoas serem saudáveis, elas devem respirar um ar limpo do começo ao fim da vida.;

As maiores fontes de poluição incluem modelos ineficientes de transporte, combustíveis domésticos (muitas famílias ainda dependem da queima de madeira ou carvão para cozinhar, por exemplo), incineração de lixo, usinas movidas a carvão e atividades industriais. No entanto, nem toda a contaminação do ar vem da ação humana. Tempestades de areia, principalmente em regiões próximas a desertos, aumentam o volume de partículas finas suspensas, afetando o sistema respiratório.

De acordo com os envolvidos no desenvolvimento da nova forma de cálculo da poluição do ar, os dados de satélite e de outras formas de medição foram cuidadosamente calibrados para que o problema seja mensurado a cada 10km;. ;Esse novo modelo é um grande passo para que tenhamos estimativas ainda mais confiáveis sobre o impacto da exposição à poluição do ar;, assegura Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública da OMS.

;Mais e mais cidades estão monitorando a poluição agora, os dados de satélite estão mais completos, e estamos ficando melhores em refinar as estimativas relacionadas ao bem-estar;, completa a especialista. Para ela, medidas para reduzir o problema são urgentes. Entre as soluções apontadas pela OMS para as cidades e países, estão a adoção de transporte sustentável, a gestão de resíduos sólidos, o acesso a combustíveis caseiros e fornos limpos, além do investimento em energias renováveis e redução das emissões industriais.

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