Ciência e Saúde

Técnica de fertilização protegeu bebê de uma mutação genética

Filho de casal jordaniano tem também em seu DNA genes de uma doadora

postado em 28/09/2016 07:02
John Zhang, responsável pela técnica, com o bebê nascido em abril:
Com apenas cinco meses de vida, I.H., filho de um casal jordaniano, tem uma história revolucionária para a medicina reprodutiva. É o primeiro bebê que carrega genes herdados de três pessoas: do pai, da mãe e de uma doadora. Controversa, a técnica de fertilização protegeu o menino de uma mutação genética responsável pela síndrome de Leigh, presente na mãe e responsável por quatro abortos anteriores. Segundo artigo divulgado pela equipe, liderada por John Zhang, do Centro de Fertilidade New Hope, nos Estados Unidos, a tecnologia se mostrou ;inovadora na minimização da transmissão da falha genética;, e a criança ;está indo bem;. Detalhes do procedimento serão apresentados, no próximo mês, no Congresso Científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em Salt Lake City.

[SAIBAMAIS]Essa forma de fertilização foi aprovada legalmente no Reino Unido, em feveveiro do ano passado. Os pais de I.H., porém, receberam o tratamento da equipe norte-americana na unidade da clínica em Guadalajara, no México. Em entrevista à revista New Scientist, John Zhang disse que, diferentemente dos EUA, não havia impedimento para aplicar os métodos no México. O especialista ressaltou estar convencido de que fez a melhor escolha. ;Para salvar vidas, é a coisa ética a se fazer;, justificou. Especialistas ouvidos pela publicação avaliaram que o trabalho vai intensificar a discussão sobre a técnica e pode até acelerar a aprovação dela em outros países. ;É revolucionário;, avaliou Dusko Ilic, do King;s College London, no Reino Unido.

Na técnica autorizada pelos britânicos, o óvulo da mãe e da doadora são fertilizados pelo esperma do pai. Os núcleos dos óvulos fertilizados são removidos antes que eles comecem a se dividir, a doadora recebe o material retirado da mãe e passa a geri-lo. O procedimento, porém, não pôde ser feito com o casal jordaniano porque, como são muçulmanos, não aceitam a destruição de embriões. A solução encontrada por John Zhang e equipe foi retirar o núcleo de um dos óvulos da mãe e inseri-lo no óvulo, com o núcleo já removido, da doadora.

A combinação resultante ; com o DNA nuclear da mãe e o DNA mitocondrial da doadora ; foi, então, fertilizada com o esperma do pai. A abordagem resultou na criação de cinco embriões, sendo que apenas um se desenvolveu normalmente e foi implantado na mãe da criança. ;A transferência do embrião resultou em uma gravidez sem complicações, com a entrega de um menino saudável em 37 semanas de gestação;, escreveram os autores.

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