Belo Horizonte ; Neste mês, as atenções do setor de saúde e da área médica estarão voltadas para o diagnóstico, a prevenção e o tratamento do câncer de mama. O Outubro Rosa tenta sensibilizar leigos e profissionais da área sobre o carcinoma que mais acomete mulheres no mundo: serão descobertos 57.960 casos este ano no Brasil, estima o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
Coordenador do Serviço de Mastologia e presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador antecipa que a arma mais poderosa para enfrentar o câncer é a medicina individualizada. ;Hoje, com nome amplo de câncer de mama, temos inúmeras possibilidades de enfermidade. É preciso lançar mão de iniciativas que detectam a doença mais precocemente e dão diagnósticos mais completos, que nos permitam entender de forma mais adequada o caso específico de cada mulher;, defende o médico, lembrando da existência de kits genéticos que fazem o mapeamento de até 70 genes diferentes, apontando as chances maiores ou menores de recidivas e as melhores indicações de vacinas, cirurgias e tratamentos.
Segundo o presidente da Rede Mater Dei, a última tendência é de que a tomossíntese, que aumenta em até 25% a possibilidade de detecção do tumor no estágio inicial, seja incorporado ao rol de procedimentos, concomitantemente à mamografia e ultrassonografia que costumam ser indicadas como exames de rotina pela maioria dos médicos no país. ;O resultado do exame em três dimensões aumenta a acuidade visual, além de reduzir bastante a chance de recall, quando a paciente é chamada a repetir a mamografia para conferir a imagem;, explica o médico, lembrando que o serviço vem sendo oferecido pelo hospital, desde janeiro.
Com a palestra ;Tomossíntese: É ético não fazer?;, a médica norte-americana Elizabeth Morris esteve em Belo Horizonte para defender a importância da prática durante o 13; Simpósio Internacional de Mastologia da Rede Mater Dei de Saúde, em março.;Com a mamografia, conseguimos detectar quatro casos de nódulos ou indícios do tumor a cada mil mulheres. Com o uso do ultrassom de mamas, a proporção atinge sete a cada mil mulheres. Na ressonância magnética, mais indicada para pacientes de alto risco, a taxa chegaria a três a cada 100 mulheres;, comparou a chefe do serviço de imagem de mama do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova York.
;De tudo isso, o mais importante é lembrar às mulheres de fazer sempre a radiografia das mamas. Quem faz o rastreamento do câncer no início leva maior vantagem do que quem deixa passar muito tempo da doença;, reforçou a especialista. Segundo Henrique Salvador, o autoexame das mamas é importante para a mulher conhecer o seu corpo, mas não mais como estratégia para diagnóstico precoce e redução de mortalidade.
Já a mamografia é indicada aos 40 anos e, a partir daí, uma vez por ano. ;Você pode até fazer uma mamografia de base aos 35, em uma mulher que tenha histórico de casos de câncer de mama na família. Em uma mulher muito jovem, não há necessidade do exame porque, a mama sendo mais densa, a tendência é dar muito resultado falso positivo, confundindo o diagnóstico;, compara.
Complementares
Em geral, os métodos de exame de mama são complementares, devendo ser feitos sempre do mais simples até o mais sofisticado, primeiro vendo se há uma indicação médica e, depois, seguindo o protocolo à medida que vá aparecendo alguma alteração. ;Ou seja, não se vai fazer ressonância em todas as mulheres, mas é indicado em mulheres de altíssimo risco ou em casos de mamas densas, há indicação de se fazer a complementação da ressonância regularmente;, completa Salvador.
Mulheres com alto risco de ter câncer de mama são aquelas que têm mais de duas parentes em primeiro grau (mãe e irmãs) que já tiveram câncer de mama, principalmente se a doença ocorreu antes da menopausa. À medida que o grau de parentesco vai se distanciando, como por exemplo, envolvendo o surgimento de nódulos em tias, o risco também diminui. ;Mas é diferente se na mesma família ocorrer o câncer em várias tias. Enfim, o critério geral é que haja um número grande de parentes de primeiro e segundo graus e que a doença tenha se manifestado antes da menopausa;, acrescenta o médico.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.