Ciência e Saúde

Pesquisadores norte-americanos registram avanços no transplante de útero

A expectativa é de que voluntárias comecem o tratamento para engravidar em seis meses

Paloma Oliveto
postado em 06/10/2016 06:00

Para muitas mulheres, engravidar é algo impossível mesmo por meio das técnicas de reprodução assistida. Seja porque tiveram de retirar o útero ou devido a anomalias no órgão, são incapazes de gerar. A elas resta esperar que, um dia, transplantes uterinos se tornem viáveis. Cirurgias experimentais recentes têm indicado avanços nesse sentido. Enquanto que, na América Latina, o primeiro transplante de útero foi realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 20 de setembro, ontem, o Hospital Universitário de Baylor, em Dallas, nos Estados Unidos, divulgou a realização de quatro cirurgias do tipo. O raro, nesse caso, é que todas as doadoras estão vivas.

[SAIBAMAIS] Antes do procedimento de Baylor, foram feitas 17 cirurgias semelhantes no mundo, incluindo a brasileira. Até agora, porém, apenas cinco resultaram no nascimento de bebês. De acordo com os médicos responsáveis pelos procedimentos nos Estados Unidos, realizados entre 14 e 22 de setembro, a equipe reviu, ao longo de dois anos, todos os transplantes prévios antes de decidir se aventurar nessa área.

A identidade e a motivação das doadoras não foram divulgadas. A equipe afirmou apenas que elas têm entre 35 e 60 anos e foram escolhidas entre 50 voluntárias. ;Fiquei totalmente impressionado. Elas nos disseram: ;Nós tivemos nossa chance de nos tornarmos mãe e, agora, nosso útero não nos serve mais. Poderemos doá-lo para quem realmente deseja;, afirmou o cirurgião chefe, Giuliano Testa, à revista Time, que revelou a história com exclusividade.

Por meio de uma nota, a assessoria de imprensa do hospital disse que as quatro receptoras, com idade de 20 a 35 anos, sofrem da síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, uma anomalia congênita do aparelho reprodutor que afeta uma em cada 5 mil ou 7 mil mulheres em todo o mundo. Quem tem o problema nasce sem útero e ovários, e com pouca profundidade vaginal. Não há estatísticas da incidência dessa doença rara no Brasil.

O procedimento do Hospital das Clínicas da USP também foi executado em uma mulher com essa síndrome. Ela recebeu o útero de uma paciente de 40 anos que teve morte cerebral. Por enquanto, não há sinais de complicações. Chefe do serviço de transplantes e professor da USP, Luiz Augusto Carneiro D;Albuquerque explicou que a equipe foi à Suécia aprender melhor sobre o procedimento. Em Baylor, os cirurgiões receberam uma equipe da Universidade de Gotemburgo que participou dos quatro transplantes. ;Eles são os maiores especialistas em transplante uterino, na medida em que cinco nascimentos resultaram das cirurgias que fizeram;, disseram na nota.

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