Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Nova geração de neuropróteses simula com fidelidade membros verdadeiros

Dispositivo criado por cientistas dos EUA e testado em dois pacientes reproduz quase que fielmente as sensações de um membro verdadeiro, como o reconhecimento de texturas de objetos e da pressão exercida pelas mãos

Há 11 anos, Keith Vonderhuevel sofreu um acidente de trabalho e precisou amputar o braço direito. O membro foi substituído por uma prótese, que não oferecia muita funcionalidade. ;É como manipular um agarrador. Você consegue pegar alguma coisa, mas não é capaz de sentir nada;, explica. ;Quando eu dava a mão à minha neta, se não ficasse muito atento, dali a pouco ouvia um: ;Ai, você me apertou;;, recorda, em um depoimento gravado pela Universidade de Case Western Reserve, nos Estados Unidos. Agora, porém, Vonderhuevel não só anda de mãos dadas com a menina, como pode sentir a pressão dos dedinhos dela entrelaçados aos seus. ;Isso é um presente para mim.;


O que aconteceu com o norte-americano foi o restabelecimento da conexão entre os nervos e o cérebro, com a técnica de estimulação elétrica. Ele é um dos dois pacientes que receberam uma neuroprótese desenvolvida por pesquisadores de Case Western e da Universidade de Chicago, experiência descrita na edição desta semana da revista Science Translational Medicine. De acordo com os cientistas, o resultado abre caminho para uma nova geração de membros artificiais, que se aproximam o máximo possível das sensações reais.

Há menos de um mês, um dos autores do trabalho, o neurocientista Sliman Bensmaia, de Chicago, publicou outro artigo na mesma revista descrevendo a experiência de um paciente com paralisia, decorrente de uma lesão na coluna espinhal, que recuperou o tato também graças à eletroestimulação cerebral. Nesse caso, porém, a técnica foi mais invasiva: os cientistas implantaram no cérebro do homem um sensor que, conectado a um braço artificial, permitia a ele sentir os dedos sendo tocados.
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