postado em 23/11/2016 20:33
Um estudo científico alertou nesta quarta-feira (23/11) que, no futuro, os furacões se moverão com maior frequência em direção à costa nordeste dos Estados Unidos, devido às mudanças climáticas produzidas pelas emissões de gases resultantes da queima de combustíveis fósseis.
Conforme o planeta se aquecia nos últimos séculos, os furacões atlânticos foram se movendo gradualmente rumo ao norte desde o oeste do Caribe, indica o estudo publicado na revista Scientific Reports.
Essa tendência vai se manter, se a humanidade continuar lançando gases causadores do efeito estufa na atmosfera.
"Nossos resultados sugerem claramente que no futuro as emissões causarão, com mais frequência, ciclones tropicais que impactarão os centros financeiros e populações do nordeste dos Estados Unidos", acrescenta a equipe de cientistas.
Os pesquisadores reconstruíram as incidências de chuvas provocadas por furacões no passado - há até 450 anos - por meio da análise da composição química das estalagmites de uma caverna em Belize.
Os dados mostram que a média de furacões ocorridos nesse local de Belize diminuiu, ao mesmo tempo em que esses fenômenos se tornavam mais frequentes em lugares como as ilhas Bermudas e a Flórida.
"Essa informação mostra que os furacões atlânticos estão se movendo em direção ao norte", disse um comunicado da Universidade de Durham, cujos pesquisadores contribuíram com o estudo.
Os furacões que se movem para o norte são de um tipo particular, tempestades de longa duração formadas perto das ilhas do Cabo Verde, na costa oeste da África.
Na medida em que os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram na atmosfera desde a Revolução Industrial, expandiu-se a circulação tropical atmosférica equatorial denominada Célula de Hadley, indicou a equipe.
"Isso sugere que desde o final do século XIX as emissões humanas se converteram no fator por trás dos deslocamentos dos furacões, ao alterar a posição dos sistemas globais climáticos", acrescenta o documento.
"Se a tendência das emissões de dióxido de carbono e de aerossóis industriais se mantiver, como está previsto, os furacões se moverão mais em direção ao norte, aumentando os riscos para a costa nordeste dos Estados Unidos", indica o estudo.
A pesquisa ressalta que o movimento rumo ao norte dos chamados furacões de Cabo Verde não significa que haverá menos tempestades nas costas caribenhas.
Uma segunda categoria de furacões de menor duração, que se formam na bacia do Caribe e tocam terra com maior rapidez, poderia inclusive se tornar ainda mais forte.
A força e a quantidade "dessas tempestades podem aumentar na medida em que as temperaturas da superfície do mar do Caribe continuem subindo", disse à AFP a principal autora do estudo, Lisa Baldini, da Universidade de Durham.
Por France-Presse