postado em 24/11/2016 06:00
Elas são as verdadeiras estrategistas do grupo. Decidem quando é hora de colocar o melhor integrante para lutar com rivais, punir os que se esquivam do embate e até mesmo a hora de entrar na briga. E não se tratam de mulheres. São as fêmeas de uma espécie de primata nativo da África: a Chlorocebus aethiops pygerythrus, também chamado de macaco vervet. O comportamento intrigante foi descoberto por cientistas da Universidade de Zurique, na Suíça, e detalhado na última edição da revista Proceedings of the Royal Society B.
;É a primeira vez que se demonstra que outra espécie, além dos seres humanos, é capaz de utilizar táticas de manipulação, como a punição ou a recompensa, para incitar a participação em batalhas entre diferentes grupos;, declarou Jean Arseneau, líder do grupo e especialista em primatas. A equipe chegou à conclusão ao observar, durante dois anos, um grupo de macacos de uma reserva na África do Sul. Esses animais vivem em grupo, e as fêmeas geralmente se ;intrometem; nas batalhas quando os alimentos da comunidade estão em jogo ou escassos.
Elas colocam os machos para lutar e os punem ou os recompensam conforme o desempenho. Geralmente maiores que as fêmeas, os macacos têm grandes caninos e são mais numerosos, características determinantes para o sucesso no combate com os rivais. Entrar na luta pode significar perder a utilidade para os outros macacos e até mesmo a capacidade de se alimentar sozinho. Esquivar-se dela, porém, não é recebido com bom grado.
;As fêmeas gritavam e se aproximavam de modo ameaçador dos machos que haviam permanecido à margem da luta. Às vezes, inclusive, os perseguiam e os agrediam fisicamente;, contam os autores no artigo. Os machos que entravam na briga adotavam, na verdade, uma estratégia reprodutiva, avaliaram os especialistas. ;Ser punido pode degradar as relações sociais com as fêmeas, e ser recompensado pode reforçar os laços e mostrar a elas que o macho objeto das atenções é socialmente aceitável.;