Dar e receber presentes pode não ser o objetivo das celebrações natalinas, mas ninguém nega que esse é um dos rituais mais divertidos das festas de fim de ano. Muitas vezes, porém, a troca de pacotes não sai como o esperado, uma situação constrangedora que termina com decepções e sorrisos amarelos. Foi o que aconteceu há alguns anos com a psicóloga Elanor Williams, pesquisadora de comportamento do consumo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Sabendo que ela gosta de cozinhar, os pais da especialista chegaram para a ceia com um enorme bloco de sal do Himalaia. A peça acabou sendo trocada por uma chaleira que, apesar de não ter nada de original, é usada por Williams todos os dias.
[SAIBAMAIS]Esse tipo de experiência, muito comum mesmo entre pessoas que se conhecem bem, levou a psicóloga a investigar por que se erra tanto na hora de presentear. Em um artigo publicado na revista Current directions in psychological science, ela elucida o que está por trás das discrepâncias entre as expectativas de quem dá e de quem recebe o presente. De acordo com Williams, ao menos em parte, isso pode ser explicado pelo fato de que, ao comprar o objeto, geralmente as pessoas se focam no momento da entrega do presente. Por outro lado, quem recebe está mais interessado na utilidade que a lembrança terá no dia a dia do que em ser surpreendido por algo que, no fim, pode se transformar em um elefante branco.
;Com base nos erros que identificamos, listamos algumas coisas que podem servir de referência para aqueles que estão interessados em dar os presentes certos;, conta a psicóloga. ;Percebemos que o maior erro que as pessoas cometem é que acabam pensando não no presente em si e em como ele pode ser útil a quem o recebe. Em vez disso, focam no momento da troca do presente e acabam neglicenciando as preferências de quem será presenteado. Por mais incrível que pareça, quem dá o presente pensa mais em si do que no presenteado;, diz.
Coautor do estudo, Jeff Galak, professor da Universidade de Carnegie Mellon (EUA), conta que, ao revisar a literatura sobre esse assunto, a importância que o doador da lembrança confere à hora em que o receptor abrirá o pacote é um denominador comum. ;Estudamos muitos trabalhos a respeito e esse elemento aparece em todos eles. O que a pessoa que dá o presente quer é aquele ;Uau!’, aquela reação imediata de quem vai recebê-lo. Por outro lado, o presenteado se preocupa mais com o valor daquele objeto ao longo do tempo;, explica. ;O que estamos vendo é um descompasso entre as motivações de um e de outro. Colocando de outra forma, às vezes um aspirador de pó, algo que pouca gente se empolgaria de ver dentro de um pacote no dia do Natal, seja justamente aquilo que a pessoa vai gostar de ter ao longo do ano.;
Além da etiqueta
Os pesquisadores listaram alguns dos erros mais comuns na troca de presentes. Entre eles, está a crença de que a lembrança tem de ser algo físico, como um iPad ou uma roupa. Contudo, os autores destacam que, muitas vezes, uma experiência pode valer muito mais que o objeto (leia mais abaixo). Ingressos para um show ou um vale massagem, por exemplo, podem ser mais apreciados por quem vai recebê-los. ;Receber uma experiência de alguém reforça a conexão emocional entre as pessoas;, diz Jeff Galak. Para isso, porém, ele e Elanor Williams salientam que presenteador e presenteado devem se conhecer bem.
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