postado em 22/12/2016 06:00
Pesquisadores americanos descobriram que um mecanismo básico da percepção sensorial é deficiente em indivíduos com dislexia, de acordo com um artigo publicado na edição de ontem da revista Neuron. Os neurocientistas da Universidade de Boston e do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) dizem que o cérebro normalmente se adapta rapidamente a estímulos sensoriais, como o som da voz de uma pessoa, objetos e rostos, como uma forma de processar essas informações com eficiência. Contudo, em pessoas que sofrem do distúrbio, essa adaptação para pela metade.
A diferença pode explicar alguns dos desafios experienciados por disléxicos, como discernir o discurso em um ambiente barulhento ou aprender a ler. ;Adaptação é algo que o cérebro faz para tornar fáceis tarefas complicadas;, diz o primeiro autor do artigo, Tyler Perrachione, professor-assistente de Ciências do Discurso, da Linguagem e da Audição da Universidade de Boston. ;Os disléxicos não conseguem tirar vantagem disso;, observa.
Perrachione, que tem formação em linguística, quis investigar a teoria segundo a qual as dificuldades de leitura na dislexia vêm do desafio de associar os sons com palavras escritas. No laboratório do principal investigador, John Gabrieli, professor de Ciências Cognitivas e do Cérebro do MIT, ele decidiu investigar processos precoces e fundamentais no cérebro que poderiam tornar essa associação algo difícil. ;Parte do mistério da dislexia é que o cérebro não tem uma área envolvida com a leitura;, explica Gabrieli.