Ciência e Saúde

Tecnologia 3D abre portas até para a criação de réplicas de órgãos

Série do Correio mostra o que já chegou aos consultórios e o que está por vir

Vilhena Soares
postado em 26/12/2016 06:00
Prótese infantil feita de plástico pela Unifesp: material mais preciso, leve, econômico e ajustável
Entre os séculos 18 e 19, a revolução industrial mudou o mundo. Ao sair da produção artesanal para a estruturada por máquinas, o homem mergulhou em uma organização que trouxe novas relações sociais e econômicas. Um mecanismo parecido começa a ocorrer na medicina, com a impressão 3D. A possibilidade de criar em série órgãos similares aos de humanos e materiais de diagnóstico precisos empolga profissionais da área e tem o potencial de inovar as práticas médicas. Na ortopedia, os avanços estão mais palpáveis, com a impressão de implantes e próteses usando materiais como aço cirúrgico e silicone.

A impressão 3D surgiu na década de 1980 e foi usada inicialmente para a criação de peças automobilísticas. Com a evolução da tecnologia e o aumento das possibilidades de uso, pesquisadores da área médica resolveram também explorar o recurso. Um dos grupos de pesquisa pioneiro no ramo é o Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer, pertencente ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Por meio do Programa de Tecnologias Tridimensionais Aplicadas à Saúde (ProMed), desde 2000, o CTI Renato Archer desenvolve ferramentas auxiliares com base na impressão 3D.

Um dos principais projetos, o software InVesalius ajuda no planejamento do trabalho de cirurgiões. A partir de imagens obtidas por meio de tomografia computadorizada e ressonância magnética, o médico imprime em três dimensões réplicas de regiões anatômicas do corpo humano e decide, a partir delas, como fará o procedimento no paciente. Jorge Silva, responsável pela área de impressão 3D no CTI Renato Archer, conta que a avaliação da ferramenta tem sido positiva. ;As cirurgias com impressão 3D são mais rápidas e seguras, propiciando melhoria de vida aos pacientes com concomitante redução de custos para o SUS (Sistema Único de Saúde) e o sistema previdenciário;, conta.

Segundo Silva, a solução tem ganhado o mundo. ;O software está presente em mais de 130 países para milhares de usuários, incluindo profissionais nas melhores universidades do mundo;, comemora. ;O futuro já chegou. As cirurgias apoiadas por impressão 3D são uma forma revolucionária de tratar pacientes.; O ProMed explora a mesma tecnologia em moldes para próteses de crânio e face, e há projetos de investir em novas áreas. ;Outras aplicações da biofabricação englobam o desenvolvimento de sensores biológicos e de ferramentas para melhor entendimento de doenças;, diz o pesquisador.


Crianças

Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o 3D tem sido usado para transformar plástico em próteses infantis. Segundo Maria Elizete Kunkel, a coordenadora do projeto Mão3D, a solução permite a criação de um material mais preciso, leve, econômico e ajustável. ;Fizemos próteses de braços com plástico e obtivemos sucesso. Por ser um material barato, ele se torna ideal para esse tipo de projeto, já que, com o crescimento rápido, as crianças precisam realizar mais trocas de peças;, conta.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação