postado em 07/01/2017 10:00
O grafeno, um dos derivados do carbono, é um material muito utilizado na indústria devido à fácil condução elétrica, à leveza e à força. Apesar de tantas vantagens, não pode ser usado na impressão 3D, uma das tecnologias que mais crescem em áreas como engenharia, elétrica e medicina. Para mudar esse cenário, cientistas dos Estados Unidos modificaram o grafeno em laboratório e geraram uma matéria-prima com características promissoras: mais leve, ajustável e com força 10 vezes maior que o aço. Os investigadores acreditam que o trabalho poderá ajudar na criação de produtos estratégicos principalmente em construções.Os pesquisadores tinham como inspiração o desafio de replicar, em laboratório, formas complexas da natureza. ;Asas de borboleta, coral, esponja e ouriço do mar são alguns exemplos de estruturas que gostaríamos de reproduzir em materiais leves e de alta resistência mecânica;, explica Zhao Qin, um dos autores do estudo e pesquisador de engenharia civil e ambiental no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A equipe partiu em busca de um material resistente e que servisse como matéria-prima para as criações desejadas. ;Como o grafeno é o recurso mais forte que conhecemos até agora, queríamos explorar seu uso na construção de um material mais leve, mas, ao mesmo tempo, forte mecanicamente;, completa o autor.
[SAIBAMAIS]Por meio de testes computacionais, os investigadores analisaram os átomos que compõem a estrutura do grafeno individualmente. Dessa forma, conseguiram comprimir pequenos flocos do material usando uma combinação de calor e pressão. O processo produziu uma estrutura forte e estável, cuja forma se assemelha à de alguns corais e à de diatomáceas, criatura microscópicas que vivem na água doce e salgada. Esse material foi usado na criação de peças com formatos distintos. Em testes, uma das amostras mostrou força 10 vezes maior que o aço, mesmo com uma densidade pequena.
Os autores explicam que as propriedades do grafeno permaneceram preservadas devido à forma de montagem utilizada. ;O novo material é composto por superfícies curvas, com cada uma delas preenchida com grafeno, como um mosaico. Todas as superfícies são conectadas por ligações químicas covalentes que formam uma interação atômica mais forte e criam uma geometria 3D integrada;, detalha Qin.
A equipe destaca que o material ainda é um protótipo, mas, caso o trabalho evolua, ele poderá ser usado em diversas aplicações. ;A densidade e as propriedades mecânicas desse material podem ser alteradas na montagem. É essa estrutura ajustável que permite que ele seja usado em várias aplicações da engenharia de uma forma melhor que o grafeno;, explica Qin.
Etapas iniciais
Roberto Avillez, coordenador de engenharia de materiais e nanotecnologia do Departamento de Engenharia Química e de Materiais do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), destaca que o trabalho americano é interessante, apesar de os testes estarem em fases iniciais. ;Esses pesquisadores fizeram cálculos teóricos, por meio de simulações computacionais, para saber se existe a chance de esse material ser usado no dia a dia, mas todos esses experimentos ainda são uma construção simulada;, explica.
Segundo o especialista, o grafeno é como uma folha de papel, feito em camadas que, unidas, formam um material forte e resistente. ;Mas isso depende da forma como ele é moldado. Se estiver em posição errada, perde todas as suas propriedades. Essa estratégia poderia permitir que ele fosse usado de forma tridimensional, e isso realmente criaria estruturas com uma resistência altíssima;, detalha.
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